O governo espera fechar até o fim do mês o primeiro contrato de socorro a montadoras de automóveis afetadas pela pandemia do novo coronavírus. O pacote proposto pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em parceria com bancos privados prevê crédito de cerca de R$ 4 bilhões por empresa beneficiada.
A indústria automotiva é um dos grandes setores escolhidos pelo BNDES para a oferta de pacotes setoriais, ao lado das companhias aéreas e das empresas de energia. Assim como nos dois últimos casos, não haverá oferta de juros subsidiados às montadoras.
O setor amarga grande recuo após o início da pandemia, com a suspensão das operações de 64 das 65 fábricas do país. Em maio, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a produção de veículos foi 90,8% menor do que no mesmo período de 2019.
A reportagem da “Folha de S. Paulo” apurou que as empresas apresentaram demandas entre R$ 5 bilhões a R$ 7 bilhões, mas a proposta do sindicato de bancos é que as matrizes garantam um terço dos recursos. Assim, numa negociação para cobrir R$ 6 bilhões, os controladores entrariam com R$ 2 bilhões.
Duas empresas -GM e Fiat- já sinalizaram com a oferta de garantias da matriz para tomar empréstimos, atendendo à condição do pacote de socorro que foi criticada pelo setor. A expectativa é que outras empresas busquem o socorro à medida em que os efeitos da crise se ampliem.
O pacote de ajuda a montadoras é diferente do oferecido ao setor aéreo por não prever títulos lastreados em ações, já que as companhias do setor não negociam na Bolsa brasileira. A oferta é apenas de financiamento.
O BNDES prevê entrar com 30% do valor total, ou cerca de R$ 1,2 bilhão, por meio de programas já existentes no banco para financiar máquinas e equipamentos (Finame) ou exportações (BNDES-Exim). O restante seria oferecido pelos bancos privados.
Com o setor aéreo, as conversas foram iniciadas antes, mas o pedido de recuperação judicial da Latam retardou o processo, para que os bancos envolvidos avaliassem as consequências da medida. O governo espera agora que os primeiros contratos de socorro sejam fechados em julho.
Neste caso, o pacto prevê a emissão de debêntures e de bônus lastreados em ações. Foram oferecidos R$ 2 bilhões para cada empresa, com participação do BNDES limitada a 60% do total, com 10% destinados aos bancos parceiros e 30% ao mercado.
Nesta sexta (5), o BNDES anunciou nova linha de crédito de R$ 2 bilhões para empresas atingidas pela pandemia. Os recursos são destinados ao pagamento de fornecedores, com o objetivo de minimizar os impactos ao longa das cadeias produtivas. O financiamento é tomado por empresas-âncora, que repassam os recursos a seus fornecedores.
Na quinta (4), foi anunciada uma linha de R$ 3 bilhões para as usinas de cana-de-açúcar financiarem a estocagem de etanol em meio à queda nas vendas provocada pelas restrições à circulação de pessoas para conter a contaminação pelo coronavírus.