As grandes redes de TV foram sugadas para o epicentro das rivalidades ideológicas na política brasileira. Tornaram-se alvo de críticas tanto da direita quanto da esquerda.
A mais poderosa delas, a Globo, é vista como inimiga pelo presidente Jair Bolsonaro e também pelo ex-presidente Lula. Sob pressão, o canal do clã Marinho diz praticar “jornalismo sério” e descarta o efeito de qualquer “intimidação”.
Lula demonizou a Globo nos dois discursos públicos feitos desde que deixou a prisão. Mas o líder petista também se queixou das duas emissoras que disputam, ponto a ponto, a vice-liderança no ranking do Ibope.
“A TV do Silvio Santos tá uma vergonha, a Record tá uma vergonha”, disse, em ato diante do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, na tarde de sábado (9). As duas redes são vistas como aliadas de Jair Bolsonaro e defensoras dos ideais da direita.
Ao retomar a fúria contra a Globo, Lula afirmou que a emissora “continua uma vergonha”. Ele reclamou da cobertura dos telejornais do canal a respeito das denúncias e julgamentos da Lava Jato. O ex-presidente se diz perseguido pela mais influente empresa de comunicação do País.
Sobrou até para Fausto Silva, o mais bem pago apresentador da televisão brasileira. “Até agora, a Globo não colocou (no ar) uma (única) matéria do (The) Intercept (Brasil), que tá denunciando a Lava Jato. A matéria que fez foi para defender o Faustão, que foi dar aula para o Moro.”
O ex-presidente referiu-se a uma revelação feita pelo então juiz Sérgio Moro, de que fora procurado por Fausto Silva e recebeu conselhos do apresentador para melhorar a comunicação da Lava Jato. Essa informação consta dos diálogos vazados do aplicativo Telegram e publicados pelo site The Intercept Brasil e a revista Veja.
Nos próximos dias, e talvez semanas, Lula será personagem onipresente no telejornalismo. A dúvida é se ele vai ser convidado para entrevistas exclusivas na Globo, Record e SBT – ou se continuará a surgir no vídeo dessas emissoras somente em matérias sobre eventos da militância de esquerda.
Outra incerteza está relacionada à postura de Jair Bolsonaro. O governo vai reagir aos ataques do petista e ampliar a visibilidade na mídia para evitar ser ofuscado por Lula? Ou evitará o troca troca de insultos e acusações? O telespectador que gosta de acompanhar o jornalismo político aguarda ansiosamente as respostas.