Um sobrinho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está entre os indiciados na última segunda-feira (9) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados sobre pirâmides financeiras com criptoativos.
Apesar do pedido constar do relatório do deputado Ricardo Silva (PSD-SP), nenhum parlamentar do PT ou da base aliada se movimentou segundo reportagem de Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro, do jornal Valor, para o excluir do documento ou adiar a votação (cabia, por exemplo, vista do parecer por duas sessões).
O sobrinho de Haddad, Guilherme Haddad Nazar, é diretor-geral da Binance, maior corretora de criptomoedas do mundo. Ele foi acusado pela CPI de suposta gestão fraudulenta e de operar instituição financeira sem autorização.
No depoimento à comissão, ele negou que a empresa tenha participado das fraudes e disse que há interesse em comprar uma fintech no Brasil.
Corretora rebate relatório
A corretora Binance criticou o relatório da CPI que pediu o indiciamento de quatro diretores da empresa e afirmou que atua proativamente com as autoridades para aplicação da lei no Brasil e no mundo para detectar atividades suspeitas e combater fraudes.
A empresa disse que “não mediu esforços” para ajudar a CPI “por acreditar que a comissão contribuiria para um debate construtivo”. “Rechaçamos veementemente, porém, quaisquer tentativas de transformar a Binance em alvo, ou ainda expor seus usuários e funcionários, com alegação de más práticas sem nenhuma comprovação, em meio a disputas concorrenciais dada a posição de liderança da empresa no Brasil e no mundo”, afirmou a corretora, em nota.
A comissão solicitou ainda que a Receita Federal e Polícia Federal façam auditoria nas contas da empresa dos últimos cinco anos para aprofundar as investigações sobre supostos ilícitos cometidos com o uso da plataforma.
A Binance afirmou que nenhuma outra corretora de criptomoedas possui tantas licenças no mundo e que possui autorização de 18 países, como Itália, França, Japão e Emirados Árabes, “o que demonstra na prática nosso compromisso com a regulação da indústria”.
“A Binance destaca que atua em total conformidade com o cenário regulatório brasileiro e mantém diálogo constante com as autoridades para desenvolver a indústria de forma sustentável e segura, incluindo colaboração permanente e proativa com agentes de aplicação da lei, locais e internacionais, para combater crimes cibernéticos e financeiros e atividades fraudulentas — e que continuará a fazê-lo de forma séria e transparente”, disse em nota.