Responsável pela fabricação de insumos necessários à produção nos setores farmacêutico, cosmético, limpeza, alimentação animal, resinas sintéticas, plásticos e muitos outros, a Fafen (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados), primeira empresa a compor o Polo Petroquímico de Camaçari, em 1971, está sem funcionar desde o último mês de março por decisão da diretoria da Petrobrás, que alega prejuízos causados pela operação da unidade.
Preocupado com o problema, o deputado Eduardo Salles (PP) propôs e nesta segunda-feira (17) acontece, a partir das 9h, Sessão Especial na Assembleia Legislativa com o objetivo de debater os problemas e prejuízos causados pela parada da Fafen.
O primeiro impacto do fechamento da Fafen é a perda de 700 empregos diretos, mas Eduardo Salles chama a atenção para outros problemas que serão causados com a decisão da Petrobrás.
A Fafen produz amônia, ureia, empregados na produção do sulfato de amônio e nitrato de amônio, que são os fertilizantes nitrogenados, gás carbônico, ácido nítrico, hidrogênio e agente redutor líquido automotivo.
Em 2018, a Petrobrás anunciou pela primeira vez o fechamento da Fafen, mas a pressão feita à época pelo governador Rui Costa, o vice-governador e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, João Leão, senadores, deputados estaduais e federais baianos, empresários e a sociedade civil organizada fez a estatal recuar da decisão.
O parlamentar ressalta os danos causados à agropecuária baiana com a paralisação das atividades da Fafen. “Vai obrigar aos produtores baianos importar insumos e pagar mais caro, o que, sem dúvida nenhuma, acarretará no aumento dos custos e consequente repasse ao consumidor”, explicou.
A situação preocupa também quem depende do tratamento de hemodiálise. Isso porque a Carbonor, uma das empresas prejudicadas com essa desativação, consome o dióxido de carbono (CO2), produzido pela Fafen, utilizado para fabricação de bicarbonato de sódio e que serve para o tratamento de doença renal crônica.
“Só na Bahia são aproximadamente dez mil pacientes que fazem o tratamento. No Brasil, são mais de 130 mil que dependem da hemodiálise. Esses são dados alarmantes, pois a interrupção desse tratamento pode levar essas pessoas a morte”, alega Paulo Cavalcanti, presidente da Carbonor, que afirma ter recorrido a outros estados, por um custo muito maior, para manter o estoque. A Carbonor é a única fabricante do bicarbonato de sódio em “grau hemodiálise” da América do Sul.
Após ordem judicial para retomar as atividades, a Petrobrás alegou necessidade de manutenção por um período de 45 dias, mas já afirmou que vai aumentar o prazo para mais 45, um total de 90 dias de manutenção. As empresas que compram insumos da Fafen estranham o prazo, já que a fábrica costumava parar por no máximo 30 dias para esse tipo de serviço.