A titular em exercício da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), Tereza Paim, afirmou ao jornal Correio, que o sistema de saúde baiano está preparado para enfrentar as consequências da variante Delta, caso ela se espalhe por aqui. Segundo Paim, a Bahia tem cerca de 3 mil leitos de covid-19 ativos e uma taxa de ocupação média de 35%. São 1.070 leitos para UTI e 378 pacientes internados. Até o momento, são três casos confirmados e uma morte pela variante.
“Hoje, temos 1.070 leitos dedicados a UTI covid e 378 pacientes internados. Isso mostra que temos capacidade de absorver bastante gente. Se o avanço da Delta for tão significativo, o sistema de saúde estará preparado, mas o ideal é que isso não aconteça, por isso a vacinação é tão importante”, disse.
A titular da pasta destacou ainda que, caso seja necessário, o estado pode voltar a adotar medidas ainda mais restritivas.
“É preciso entender que a variante Delta se espalha mais rapidamente e, por isso, dependemos da colaboração das pessoas. Quanto mais a gente se protege, menos ela se espalha. Se a gente não consegue deter esse espalhamento, fatalmente entraremos novamente em fases mais restritivas, assim como o Rio de Janeiro, por exemplo”, alertou.
“Apostamos na conscientização da população e no avanço da vacinação. Não voltamos ao normal em nenhum momento”, acrescentou Tereza Paim. A secretária interina afirmou, também, que a testagem em massa será intensificada e que a Sesab está focada no rastreamento de variantes por meio de teste de antígeno e RT-PCR.
“Já estávamos recomendando a testagem massiva durante toda a pandemia. Agora, o rastreamento será ainda maior”, ressaltou. Todos os pacientes internados nas UTIs com covid-19 terão amostras colhidas e sequenciadas para identificação do tipo da variante.
Tereza Paim também defendeu o avanço da vacinação e disse que a pasta está trabalhando para diminuir a irregularidade da campanha entre os municípios baianos. Ela explicou que algumas cidades estão mais avançadas do que outras devido a uma série de fatores, entre eles a quantidade de população indígena e população carcerária.
“Na semana passada, nós tentamos dar mais igualdade aos 417 municípios. Tínhamos apenas 128 deles com vacinação entre 18 e 19 anos. Alguns dos municípios restantes cederam doses para esses. De 128, hoje temos 281 municípios vacinando pessoas com 18 anos ou mais”, acrescentou.
Variante Delta na Bahia
Ainda conforme o Correio, um homem de 43 anos, morador de Niterói, no Rio de Janeiro, foi a primeira vítima fatal da Delta na Bahia. Ele estava a bordo de um navio dos Estados Unidos que ancorou no estado. Ele teve os primeiros sintomas detectados no dia 15 de julho e morreu no dia 14 de agosto. Até agora, três casos de infecção pela variante foram identificados no estado pelo Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA), incluindo o dele.
Um dos casos confirmados foi de um homem de 52 anos, residente de Feira de Santana. Ele teve os primeiros sintomas no dia 20 de julho. O outro caso foi de um homem de 29 anos, do município de Vereda, na microrregião de Porto Seguro, Sul do estado, que apresentou sintomas no dia 14 de julho. Os dois não estavam vacinados, mas não tiveram sintomas graves e passam bem. Apenas o morador de Vereda passou por isolamento.
Além do caso do tripulante contaminado com a Delta, o navio que estava na Bahia também teve um caso de variante Beta (África do Sul) confirmado. O infectado era um filipino, que passa bem. De acordo com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), os tripulantes faziam testes de rotina e, devido à identificação dos testes positivos, os passageiros ficaram em isolamento. O navio já não está mais ancorado na Bahia.
“Os três exames foram coletados há mais de um mês. Quando há alguma indicação ou suspeita, nós elegemos para o sequenciamento genético e encaminhamos para o Lacen. Foi esse o caso. Nós colhemos as amostras, que ficam durante 15 dias em sequenciamento. Depois, são mais 15 dias para validação do Ministério da Saúde. Por isso que há esse espaço de tempo entre a coleta e o resultado”, explicou a secretária Tereza Paim.
A atual titular da pasta informou que os residentes de Vereda e Feira de Santana que foram infectados tiveram contato com outras pessoas e que a variante já deve estar se espalhando pelas cidades. Já que não foi possível identificar quem trouxe a variante de fora para a Bahia, a transmissão já é considerada comunitária.
De acordo com Tereza Paim, Vereda teve aumento do número de casos de covid-19 e já passou a adotar medidas mais restritivas, assim como a testar os moradores. A reportagem tentou contato com a prefeitura de Vereda, mas não obteve sucesso.
Durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (27), o prefeito de Feira de Santana, Colbert Martins, afirmou que o homem infectado residente da cidade morava sozinho, mas não tinha costume de usar máscara frequentemente e trabalhava em um estabelecimento comercial. De acordo com a prefeitura, todas as pessoas que tiveram contato com o paciente foram monitoradas e não existem mais casos ativos relacionados a esse paciente com sintomas gripais.
Segundo a infectologista Melissa Falcão, coordenadora do Comitê de Enfrentamento ao coronavírus na cidade, a prefeitura identificou um pequeno aumento no número de casos e internações nos últimos 30 dias. Atualmente, 40 pessoas estão internadas com covid-19 em Feira de Santana.