O roteiro é claro e objetivo: reunir pesquisadores; sistematizar e conhecer as informações já disponíveis; conhecer iniciativas de produtores rurais; espacializar em mapa as informações sistematizadas nas diferentes áreas; ampliar a divulgação dos trabalhos sistematizados; ampliar a interação dos produtores rurais com instituições de pesquisa e extensão; apoiar, e buscar parceiros para apoio a pesquisas que ampliem o conhecimento sobre solos e irrigação na região Oeste da Bahia.
Esta é a proposta de um novo projeto que a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA) está começando a implementar na região. Em outras palavras, a iniciativa pretende organizar e tornar acessível o máximo possível de informações sobre recursos hídricos, manejo do solo e da água, legislação, biodiversidade, produção, produtividade da região Oeste. A intenção é trazer informações claras, objetivas e seguras para auxiliar produtores rurais e agentes dos setores público e privado não apenas sobre técnicas de manejo produtivo, mas também em ações de monitoramento, ordenamento e gestão territorial.
De acordo com a bióloga Alessandra Terezinha Chaves Cotrim Reis, diretora de Meio Ambiente e Irrigação da Aiba, a ideia é tratar prioritariamente da sistematização de dados e informação, sobre pesquisas e estudos de solos e irrigação, uma vez que a área de produção da região corresponde a 2,6 milhões de hectares em regime de sequeiro e 192 mil hectares são irrigados, e o manejo do solo adequado é fundamental para ampliar a produtividade, e de maneira direta contribui para ampliar a microbiota do solo, a infiltração de água – recarga do aquífero regional de Urucuia, além de reduzir a temperatura do solo e processos erosivos, entre outros benefícios.
“A intenção é envolver todos os produtores rurais. Iniciamos a interação com produtores rurais que adotam sistemas de manejo adequado do solo como uma ação prioritária para a condução da atividade agrícola. Espera-se que com a ampliação da divulgação das iniciativas conduzidas por estes produtores, consigamos maximizar a adoção de boas práticas na região, com isto trazemos todos os benefícios a estes associados”, explica Alessandra.
Peças importantes no projeto, os produtores participantes que servirão como referência na iniciativa adotam sistemas de manejo adequado do solo como o plantio direto, e de maneira complementar adotam práticas conservacionistas como curvas de nível, terraceamento e cultivo mínimo. Em geral, conduzem suas atividades em áreas de sequeiro e têm apresentado maior produtividade que os produtores rurais da região que adotam outros sistemas.
Sistematização das informações
Neste momento, a equipe da Aiba vem sistematizando informações para auxiliar os diferentes usuários, especialmente os produtores rurais na tomada de decisões. Para isto, a associação está trabalhando para a construção de um banco de dados interativo cruzando informações, dados, estudos, pesquisas e trabalhos técnicos com dados georreferenciados.
“Para exemplificar, ao longo dos anos temos sistematizadas informações de interesse direto dos produtos rurais a exemplo de publicações dos diários oficiais do Estado, União e Municípios, sobre atos autorizativos como outorgas de uso da água, autorização de supressão de vegetação e licenciamentos. De maneira paralela, temos conduzido e/ou apoiado diversos estudos e trabalhos técnicos que nos trazem informações sobre disponibilidade hídrica (superficial e subterrânea), manejo do solo (CO2, infiltração de água, Plantio Direto), recuperação de nascentes, dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) que na Bahia é denominado Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR), áreas de produção, áreas com remanescentes de vegetação nativa, Unidades de Conservação, transferência de tecnologia para a produção em pequena escala, entre outros. Pretendemos com esta iniciativa ampliar o conhecimento de trabalhos e pesquisas sobre solos e irrigação conduzidas na região Oeste, além de ampliar a interação entre o agronegócio e diferentes profissionais que atuam na área”, detalha a diretora.
Estudos técnicos e pesquisas
“Estamos começando a reunir informações, pesquisas e estudos sobre solos e irrigação na região. A nossa intenção é conhecer as informações disponíveis, objetivos, metodologia adotadas e os principais resultados. Com isto, identificaremos as principais lacunas de informações, ampliaremos a divulgação dos dados já consolidados para a região, e de maneira paralela serão fomentados estudos técnicos e pesquisas que ampliem o conhecimento sobre a região. Com isto ampliaremos a divulgação de iniciativas sustentáveis em áreas já consolidadas (abertas)”.
Ainda segundo ela, atualmente foi iniciada a compilação de artigos, teses, dissertações, relatórios e trabalhos técnicos sobre solos, recursos hídricos e irrigação na região. Para esta finalidade, além da equipe técnica da Aiba, há o apoio de produtores rurais, e pesquisadores da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Universidade São Francisco de Barreiras (UNIFASB), Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) e Universidade Federal de Viçosa (UFV), entre outros parceiros.
Um dos principais desafios do momento é refinar informações sobre a metodologia adotada para cada estudo conduzido, para ampliar a segurança de cada informação gerada para a região Oeste. Estes estudos serão disponibilidades em um link específico no site da AIBA, e de maneira paralela no site da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação – FEBRAPDP. Alessandra observa também que há interesse em atrair novos parceiros que possam trazer informações seguras sobre a região “serão bem-vindos e deverão somar a esta iniciativa”, diz.
Desenvolvimento regional
Uma das instituições parceiras do projeto é o UNIFASB. De acordo com o engenheiro agrônomo, professor e pesquisador Jorge da Silva Júnior, coordenador do curso de Agronomia do UNIFASB, o projeto tem uma destacada relevância por conseguir reunir não só de pesquisadores de várias instituições, mas também por contar com o apoio de acesso ao produtor rural, buscando tecnologias que possam ampliar e melhorar a gestão dos seus recursos, nunca deixando de lado a conservação e o manejo sustentável para conservação do ambiente na sua região.
Para ele, por possuir uma visão macro da região e uma compreensão que contempla também aspectos de fora da porteira, a AIBA acaba servindo com uma ligação necessária para conseguir aproximar as instituições de ensino e pesquisa em torno das demandas que surgem dos produtores rurais. Júnior explica que existem diversos empreendimentos que detém formas de manejo próprias capazes de obter resultados excelentes; todavia, muitas tecnologias e manejos acontecem circunscritos apenas a algumas propriedades e ali acabam ficando. “A ideia é unificar e padronizar essas tecnologias a fim de que possamos melhorar de modo geral toda a região, que se estende do Oeste da Bahia até a área da fronteira agrícola do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)”, destaca.
Sustentabilidade
“A inciativa de sistematizar estudos e pesquisas sobre solos e irrigação na região é recente, contudo ao longo dos anos a Aiba, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) e Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) têm apoiando diversas pesquisas e estudos, sobre o assunto, incluindo sustentabilidade lato sensu na região Oeste da Bahia. As informações apoiadas pela Aiba, temos sistematizadas, contudo pretendemos ampliar o nosso banco de informações sobre o assunto, pois precisamos otimizar e publicar o que de positivo existe, e de maneira de complementar conhecer as lacunas de dados e informações. Com isto, trabalharemos para a gestão da informação e ampliando a sustentabilidade ambiental”, destaca Alessandra.
Aiba
A Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) tem a sua atuação voltada ao desenvolvimento regional, e conta com aproximadamente 1.300 associados. Atua em todo o Estado da Bahia, prioritariamente no Oeste do Estado em uma área de proximamente 14 milhões de hectares, distribuídos em 32 municípios, em áreas de Cerrado e/ou em transição com a Caatinga. Em áreas do extremo Oeste, com aproximadamente 9 milhões de hectares, tem 3,1 milhões de hectares consolidados (abertos), destes 2,6 milhões destinados a atividades agrossilvipastoris, nos quais o total de área irrigada é 192 mil hectares. As principais culturas são: soja (ocupando uma área aproximada de 1,6 milhões de hectares), algodão: 321 mil hectares, seguidos de milho, café, trigo, frutas, feijão, grão de bico, entre outros.