Sistema brasileiro de transmissão de energia elétrica deverá crescer 23%

A expansão do sistema brasileiro de transmissão de energia elétrica deverá crescer 23% ao longo dos próximos dez anos, saindo dos atuais 179 mil km para 220 mil km. O dado faz parte do cenário de referência apresentado no inicio do ano no recém-lançado Caderno PDE 2032: Transmissão de Energia, produzido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Além disso, o trabalho também aponta que o país terá uma expansão de 26% na capacidade instalada de subestações durante o período decenal, partindo dos 461 mil MVA em 2022 para 581 mil MVA em 2032. O investimento total estimado pela EPE nesse conjunto de obras soma R$ 158,3 bilhões.

A EPE trabalha com dois principais cenários de expansão da rede de transmissão brasileira. O primeiro deles, mais otimista, prevê a implantação de todas as obras sem outorga considerando a data de necessidade originalmente prevista nos estudos de planejamento e data de tendência estimada com base nos prazos médios do processo de outorga. Já o cenário base, de referência, considera cerca de 77% das obras sem outorga representadas no cenário otimista. Cabe destacar que esse cenário foi estabelecido a partir de análises elétricas que poderão ser atualizadas durante o ano de 2023.

Dos R$ 158,3 bilhões de investimentos previstos no cenário de referência, uma parcela de R$ 110,3 bilhões é referente aos investimentos em linhas de transmissão, enquanto que os R$ 48 bilhões restantes dizem respeito aos recursos aplicados em novas subestações. Além disso, do total de investimentos previstos no cenário base, R$ 64,7 bilhões são de projetos já com outorga, enquanto que os demais R$ 93,6 bilhões são de empreendimentos ainda sem outorga.

A EPE afirmou ainda no estudo que prevê uma expressiva expansão de geração renovável que deve concretizar-se nas regiões Norte e Nordeste nos próximos anos. E para que esses projetos possam contribuir para a segurança energética e para o aumento da competição na oferta de geração de energia, é primordial preparar o sistema de transmissão.

Foram contabilizados no estudo de diagnóstico 34 GW de geração eólica e solar já contratada ou confirmada até 2025, na região Norte/Nordeste. Desse total, LINHAO19 GW já estão em operação, 6 GW estão contratados em leilões e 9 GW possuem parecer de acesso e Contratos de Uso do Sistema de Transmissão assinado no mercado livre. Em 2033, a capacidade instalada renovável no Norte/Nordeste pode ser ampliada de 34 GW para 57 GW (cenário referência) ou 72 GW (cenário superior).

O estudo trata ainda do envelhecimento de ativos. Um desafio a ser enfrentado pelo planejamento da transmissão consiste no envelhecimento do sistema de transmissão brasileiro, realidade que tende a se tornar mais crítica nos próximos anos. Há que assegurar a substituição racional da infraestrutura do sistema elétrico em fim de vida útil de modo que a malha de transmissão possa operar com os níveis de confiabilidade e qualidade exigidos pela sociedade.

Segundo a EPE, os investimentos potenciais em substituições de equipamentos em subestações estão estimados em R$ 37,6 bilhões entre 2023 e 2032. Esses investimentos não estão associados à superação técnica das instalações, mas apenas à referência temporal da vida útil regulatória. Os investimentos estão pulverizados em todo o sistema e não estão contemplados no montante total previsto até o ano horizonte deste PDE, por serem potenciais.