Apresentador e empresário, Silvio Santos também tentou se aventurar pela carreira política em três oportunidades, mas não deslanchou em qualquer uma delas. Em 1988 e 1992, à Prefeitura de São Paulo; em 1989, à Presidência da República.
Filiado ao PFL – partido que se tornaria o Democratas (DEM) e que, após fusão com o Partido Social Liberal (PSL), deu origem ao União Brasil –, Silvio Santos aventou a possibilidade de lançar-se como candidato a prefeito da capital paulista, em 1988.
O apresentador morreu na madrugada deste último sábado (17), aos 93 anos.
A ideia, segundo o portal Metrópoles, não convenceu Arthur Alves Pinto, vice-prefeito na gestão Jânio Quadros (1985-1989) e que detinha o comando do PFL na cidade. Na ocasião, o cacique realizava uma articulação para que o partido apoiasse João Leiva, candidato do então PMDB.
No ano seguinte, a comoção em torno da primeira eleição à Presidência após mais de três décadas de ditadura militar no país levou uma ala do PFL a apostar na popularidade de Silvio Santos para lançá-lo candidato.
O grupo buscava contornar a baixa pontuação apresentada nas pesquisas pelo candidato do PFL, Aureliano Chaves, vice-presidente durante o mandato de João Figueiredo (1979-1985).
Novamente sem convencer a cúpula do PFL, que preferiu manter a candidatura de Aureliano Chaves, Silvio Santos saiu do partido e tentou uma candidatura pelo PMB. O então presidente da sigla, pastor evangélico Armando Corrêa, abriu mão da própria candidatura à Presidência para ceder a legenda ao apresentador.
No entanto, a Justiça Eleitoral constatou irregularidades no registro do PMB e desfez a chapa. Fernando Collor (PRN) foi eleito presidente após enfrentar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno.
A terceira vez
Arrependido por ter apoiado Collor no segundo turno em 1989, o PFL chegou às eleições de 1992 na busca por se descolar da imagem do presidente, que era alvo de um processo de impeachment. Assim, o partido procurou Silvio Santos mais uma vez, para tentar uma nova candidatura à prefeitura da capital paulista.
O apresentador fez uma costura para ter como vice o advogado Júlio Casares (foto em destaque), que depois se tornaria presidente do São Paulo Futebol Clube, mas teve a chapa implodida por uma ala do PFL.
A convenção partidária que culminaria na indicação de Silvio como candidato terminou em pancadaria entre apoiadores do comunicador e de um grupo ligado a Arthur Alves Pinto. O evento levou a Justiça Eleitoral a anular as convenções anteriores, e todos os candidatos da sigla na cidade tiveram os registros cassados.
Quem foi Silvio Santos
Nascido em 12 de dezembro de 1930, no Rio de Janeiro, Senor Abravanel começou a trabalhar com vendas aos 12 anos na loja do pai, o comerciante grego Alberto Abravanel. Aos 14, atuava como camelô na rua do Ouvidor, no centro do Rio.
Ao fim da década de 1940, venceu um concurso de locutor na Rádio Guanabara e iniciou uma sequência de vitórias em competições do ramo. Nessa época, adotou o nome de Silvio Santos e decidiu montar um serviço de alto-falante em uma barca que fazia o trajeto Rio-Niterói.
Nos anos 1950, Silvio Santos se mudou para São Paulo e deu início ao Baú da Felicidade. Depois, criou o Programa Silvio Santos, que rodou diversas emissoras antes da criação do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), em 1981. A emissora recebeu concessão pública e incorporou canais da extinta TV Tupi.
No SBT, os programas de Silvio Santos, como Show de Calouros, Pião da Casa Própria, Show do Milhão, Qual É a Música? e Topa Tudo por Dinheiro, fizeram grande sucesso no cenário nacional.
Além da carreira na televisão, Silvio Santos se manteve como empresário à frente do Grupo Silvio Santos e administrou a Jequiti Cosméticos, uma das principais anunciantes do SBT.