Um encontro da primeira-dama Janja com o secretário nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente teria sido o estopim para a exoneração do advogado Ariel Castro Alves à frente do cargo. A ocasião, do início de abril, foi ideia de Janja, que tratou diretamente com o gabinete do secretário para marcar a reunião.
Segundo fonte do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), Silvio Almeida, ministro da pasta, participou do debate a convite de Alves, mas não escondeu seu descontentamento. Almeida teria lido a reunião como um ato de insubordinação do advogado, que estaria buscando protagonismo dentro do ministério. Na exoneração do secretário, na última quinta-feira (4), a versão do MDHC era de que foi “necessário ajuste administrativo com base nos objetivos e estratégias”.
Os atritos entre o ministro e seu secretário teriam começado por divergências sobre o papel da secretaria no governo. Segundo um funcionário, Almeida relegava a secretaria a um papel secundário, atendendo somente ao seu assessoramento. Incomodado com a procura da imprensa, que buscava Alves para comentar sobre os recentes ataques a escolas, Almeida desautorizou entrevistas cedidas pelo secretário. Além disso, Alves foi barrado de reuniões da pasta que tratavam assuntos pertinentes à sua secretaria, como o enfrentamento na violência dentro das escolas e a orfandade decorrente da Covid-19.
A exoneração saiu no Diário Oficial no mesmo dia em que houve o lançamento da campanha do governo Lula do mês de conscientização contra o abuso e exploração sexual infantil. Ariel passou 100 dias no cargo.