O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deve distribuir seus 37 ministérios entre 9 partidos. Dentre aliados de longa data e os que aderiram ao novo governo neste momento, o objetivo do petista com a distribuição de cargos foi ampliar sua base de apoio no Congresso. Apesar do esforço, Lula deverá contar com o voto cativo de só 181 deputados, segundo levantamento feito pelo Poder360.
Somadas, as siglas têm 262 deputados, mas é improvável que todos sigam as orientações do novo governo nas votações da Câmara. O Poder360 considerou o perfil das bancadas eleitas e excluiu congressistas aliados ao atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), ou que fazem oposição abertamente a Lula e que integram os partidos contemplados com ministérios.
Os 181 deputados que devem integrar a base real de Lula são insuficientes para aprovar, por exemplo, PECs (propostas de emenda à Constituição) e projetos de lei complementar. Algumas das prioridades elencadas pelo novo governo devem acabar dependendo desses tipos medidas, como a reforma tributária e a nova âncora fiscal. A 1ª deverá ser feita por PEC (são necessários votos de 308 deputados), e a 2ª, por projeto de lei complementar (precisa de ao menos 257 deputados).
Considerando os demais partidos aliados a Lula, mas que não possuem representantes na Esplanada, o petista pode chegar a uma base total de 287 deputados. São eles: Solidariedade, Cidadania, PV, Avante e Pros. Todos apoiaram a eleição de Lula.
Durante a montagem de seu governo, Lula deu espaço para 3 partidos de centro em troca de garantir seus apoios no Congresso: PSD, MDB e União Brasil. Mas o apoio legislativo não será automático, tampouco integral.
A adesão à gestão lulista não é ideológica e mudará de acordo com variáveis como a situação econômica do país, a capacidade dos ministros de influírem sobre seus correligionários e a proposta em discussão.
Um exemplo prático da dificuldade que Lula deverá ter com o Congresso mesmo tendo cedido ministérios é o veto ao nome do líder do União Brasil na Câmara, o deputado federal pela Bahia, Elmar Nascimento. Ele havia sido indicado pela bancada para assumir um ministério com a adesão da sigla ao governo.
Adversário histórico do PT na Bahia, porém, ele teve seu nome vetado pelo senador Jaques Wagner (PT-BA) e pelo governador do Estado e futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). A influência que Nascimento tem sobre a bancada certamente definirá o comportamento da maior parte de seus correligionários.
Outro ponto de irritação entre aliados foi o amplo espaço garantido ao PT na formação do 1º escalão do governo. A sigla de Lula deverá ficar com 10 ministérios, incluindo Fazenda, Casa Civil, Educação e Desenvolvimento Social.