Uma sessão especial na noite de quinta-feira (07), na Câmara de Itabuna, colocou em discussão os impactos previstos para a sociedade, caso ocorra mesmo a já estudada privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). O Legislativo foi representado pelos vereadores Jairo Araújo (PCdoB) e Júnior Brandão (PT), que destacaram o quanto é importante o debate sobre uma possível transferência do serviço para a iniciativa privada.
Diante de funcionários da ECT, Jairo, presidente da sessão, ressaltou o quanto é valoroso o papel social prestado pelos Correios. Afinal, estão presentes em todos os municípios brasileiros. “São mais de 100 mil empregos, é uma empresa superavitária, ela se banca sem recursos do Tesouro Nacional. Os Correios são patrimônio do país”, frisou.
Já Júnior Brandão, lembrou que a atividade de entrega de mensagens remonta ao Velho Testamento e ressaltou o quanto é importante um movimento coletivo para que a privatização não se concretize. “A Câmara se junta a esse movimento; o que se pretende fazer com o Correio é injusto. Temos que lutar pelo fortalecimento, e não pela inanição”, argumentou.
Desabafo de trabalhadores
A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Correios e Telégrafos da Bahia, Shirlene Pereira de Souza, compareceu à sessão junto com o diretor André Aguiar e a advogada da entidade, Renata Oliveira. A líder sindical lembrou que os Correios estão em terceiro lugar nos quesitos eficiência, credibilidade e confiança junto aos brasileiros – junto com família (1º lugar) e Corpo de Bombeiros (2º lugar).
Ela citou a importância de missões que exigem absoluta confiança, como a entrega de livros didáticos; remédios em postos e hospitais; provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e urnas eletrônicas. “A Constituição Federal, no artigo 21, prevê como competência da União manter o serviço postal”, completou.
Por fim, devemos compartilhar o que expôs o funcionário Marciel Setúbal Oliveira, funcionário dos Correios há 12 anos. Ele desabafou sobre a rotina de até 12 horas diárias de trabalho de muitos servidores e as medidas que dificultaram as entregas num prazo menor.
“A população pode estar magoada com o serviço quando as encomendas não chegam, mas o trabalhador tem lutado pra dar conta do serviço. O número de carteiros foi reduzido pela metade. Em Itabuna, eram quase 50 e caiu para 25; tem distritos que o carteiro anda 15 quilômetros”, revelou.