Está previsto no regulamento interno e nas regras do concurso público: o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia é formado por técnicos e analistas judiciários, da área do direito, mas também com formação em diversos outros campos do saber. É essa segunda composição que garante ao TRE-BA um quadro diverso, o que resulta em um serviço com a influência de várias áreas do conhecimento.
Se o direito traz ao Eleitoral baiano servidores da área-fim, responsáveis pela prestação jurisdicional, são as demais áreas que formam aqueles que irão desenvolver as atividades-meio, também necessárias ao funcionamento do órgão, ainda que não tenham relação direta com a principal atribuição do Tribunal. “Essa diversidade colabora com o crescimento efetivo do TRE-BA. Contando apenas com servidores na área do direito, teríamos uma visão mais restrita”, observa a secretária de Gestão de Pessoas, Sandra Ramos.
A gestora da SGP explica que os cargos especializados também contribuem para que o TRE-BA seja um órgão plural, composto por médicos, odontólogos, enfermeiros, contadores, assistente social, psicólogo, programadores de TI, agentes de segurança, entre outros. Além deles, servidores da área administrativa (técnicos e analistas) muitas vezes trabalham em uma área diferente das quais se formaram. São biólogos, jornalistas, economistas, pedagogos, engenheiros, entre muitas outras formações. Para Sandra, isso faz com que aprendam novas atividades e tragam colaborações de repertórios anteriores.
Esse é um tema tão importante para o TRE-BA, que está no planejamento da SGP para 2020, quando o Tribunal completa 88 anos. A ideia é utilizar como uma das diretrizes do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho o conceito de bem estar, reforçando entre os servidores a importância de estar bem em suas unidades de lotação. O objetivo é que, seja qual for a atividade realizada ou o setor, o servidor encontre formas de se realizar. A pandemia de coronavírus adiou um pouco o projeto, mais difícil de ser desenvolvido de maneira remota.
Missão
Sandra Ramos aproveita esse momento, porém, para propor algumas reflexões. Ela sugere um outro viés para analisar o assunto: gente que tem talento em diversas áreas, mas acaba escolhendo o Tribunal por causa da estabilidade. “Estar no serviço público não deve ser sinônimo de abdicar do que cada um acha que é a sua missão na vida. É preciso encontrar formas de estar feliz e ser útil no que faz”, avalia.
É um caminho para o autoconhecimento, observa a secretária da SGP, que considera importante questionar: “O que te faz acordar incentivado a trabalhar? É o que você deve fazer”. Para isso, é preciso evitar um efeito colateral da estabilidade – a permanência em zonas de conforto. Para Sandra, é preciso ter curiosidade, coragem e estar disposto a correr riscos.
Os servidores de outras áreas de formação, quando entram no Tribunal, podem se sentir inicialmente perdidos ou distanciados. A secretária da SGP defende que, se motivadas pelo repertório que já trazem, essas pessoas podem apresentar projetos e criar rotinas produtivas, o que que não só trará satisfação a quem realiza o serviço, como pode contribuir para que esse serviço seja melhor prestado.
Para motivar, Sandra deixa como exemplo a própria história. Formada em relações públicas, ela é concursada da Justiça Federal, onde, por muitos anos, atuou na comunicação social. Com o tempo, sentiu necessidade de estudar direito. Formou-se e foi trabalhar em gabinete de juiz.
Após 12 anos, percebeu que não era bem aquilo o que a fazia feliz. Foi quando veio a possibilidade de uma redistribuição, o que a trouxe para o Eleitoral baiano, onde é a principal responsável pela gestão de pessoas. “O TRE-BA apresenta muitas possibilidades de atuação. Voltei a me interessar, a estudar e senti que isso foi um renascimento profissional”.
Aos que se sentem motivados a mudar, Sandra lembra que é importante também ter iniciativa. “Não espere que o órgão direcione o seu destino. É preciso participar, escolher, decidir. Eu vim ao mundo para servir as pessoas e hoje me sinto realizada com o que faço”.