Desde que saiu do governo, Sergio Moro emite sinais trocados sobre seus planos para o futuro. Para alguns amigos, ele tem a chama dos presidenciáveis e poderia disputar o Planalto em 2022 com vigor. Nas conversas com aliados, ele sempre se interessou por resultados de pesquisas sobre seu potencial eleitoral, o que passou a ser lido como a forma do ex-ministro de sinalizar que estava no jogo da sucessão de Jair Bolsonaro.
Mas segundo a coluna Radar da revista Veja, o próprio Moro, porém, nunca escondeu desses amigos e aliados que sua primeira preocupação ao sair do governo e declarar guerra a Bolsonaro era com a situação financeira da família. Daí a desilusão de alguns colegas mais apaixonados.
Ao aceitar o cargo na consultoria Alvarez & Marsal, Moro frustrou os que desejavam vê-lo no papel de salvador da pátria que abre mão de questões pessoais para lutar por uma causa maior, o futuro do país.
Alguns aliados do ex-ministro ficaram decepcionados com o caminho escolhido por ele na área financeira. Atuar como consultor numa empresa que serve a empreiteiras da Lava-Jato seria um destino que nem os famosos consultores José Dirceu e Antonio Palocci poderiam prever.
“Moro vai atuar como consultor para evitar que empresas se metam em corrupção. A causa é nobre. Mas o que fará quando flagrar alguém cometendo um crime. O consultor vai denunciar o cliente?”, questiona um aliado do ministro que julga ter o ex-ministro dado um tiro no pé ao aceitar o emprego.
Os aliados do ex-ministro não descartam que Moro possa vir a embarcar numa aventura eleitoral no segundo semestre de 2021, quando as conversas esquentarem. Sabem, no entanto, que seu novo emprego mostra exatamente o contrário.
Para aliados, Moro não deve ter assinado um contrato tão curto nem terá liberdade, na nova carreira, de continuar exercendo papel no debate político nacional. Afinal, conforme a revista publicou, um bom consultor atua distante dos holofotes.