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quarta-feira 15 de janeiro de 2020 às 17:42h

Sérgio Gabrielli é citado como beneficiário de propina em delação

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De acordo com a publicação do jornal O Globo, em acordo de colaboração premiada firmado com o Ministério Público Federal, o empresário Mário Seabra Suarez citou o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, como um dos beneficiários do pagamento de propina na construção da Torre Pituba, sede da Petrobras em Salvador, na Bahia. De acordo com sua delação, o sócio de Suarez, Paulo Afonso, já falecido, teria ouvido de Armando Trípodi, chefe de gabinete de Gabrielli, que parte da propina paga a ele seria encaminhada ao então presidente da petrolífera.

Procurada, a advogada do ex-presidente da Petrobras, Sara Mercês, afirmou que, como José Sérgio Gabrielli não é parte no processo, nada tem a se manifestar. A defesa de Armando Trípodi afirmou que irá manifestar-se exclusivamente nos autos.

Em seus depoimentos, o empresário também relatou um suposto pagamento de R$ 2 milhões em espécie na sede nacional do PT em São Paulo. O dinheiro tinha como destino João Vaccari Neto, então tesoureiro do partido. Os pagamentos a Vaccari e Trípodi foram feitos em meio à contratação da Mendes Pinto Engenharia como responsável pelas obras da Torre Pituba, construção que reuniu em apenas um edifício todas os departamentos da Petrobras em Salvador.

José Sérgio Gabrielli foi presidente da Petrobras de 2005 a 2012, período em que ocorreram boa parte dos crimes investigados pela Petrobras. O ex-presidente da estatal, no entanto, nunca se tornou réu da operação. Em 2010, a Mendes Pinto Engenharia firmou, segundo Suarez, um contrato com o fundo de pensão Petros para a administração da construção da Torre Pituba.

Dirigentes do fundo de pensão, da Petrobras e do PT cobraram Paulo Afonso, sócio de Mário Seabra Suarez, pelo pagamento de propina. Em seu depoimento aos procuradores, Suarez contou que na segunda metade de 2009, Paulo Afonso teria se reunido com Vaccari, Newton e Armando que pagariam R$ 9,6 milhões a título de propina. O valor seria dividido em três partes: 1/3 ao ao PT Nacional, 1/3 ao PT da Bahia e, por fim, outro 1/3 divididos entre a Petrobras e o fundo de pensão Petros.

Durante dez meses, Armando Tripodi, chefe de gabinete de Gabrielli, teria recebido mensalmente R$ 100 mil de Paulo Afonso, entregues na sede da Petrobras. Nesse momento, Suarez contou aos procuradores que Armando teria dito a seu sócio que Gabrielli recebia parte dos valores.

“Que muito embora Sérgio Gabrielli nunca tenha participado das negociações prévias ou recebido qualquer valor diretamente de Paulo Afonso, o que era afirmado a Paulo Afonso por Armando era que parte dos valores recebidos seriam repassados a Sérgio Gabrielli”, afirmou.

Tripodi teria, segundo Suarez, emitido uma credencial de prestador de serviços em seu nome, utilizada durante o período de 2009 a 2011. Com isso, seu ingresso no prédio da Petrobras no Rio de Janeiro seria facilitado.

Paulo Afonso, no entanto, morreu em maio de 2017. Entre os colaboradores estão, além de Mário Seabra Suarez, seu filho, Alexandre, e Marcos Felipe Mendes Pinto, filho de Paulo Afonso. A informação sobre o suposto recebimento de propina teria sido repassada por Paulo Afonso a Suarez durante a época.

A colaboração premiada foi firmada em meio ao processo que investiga o suposto superfaturamento da obra da Torre Pituba. A ação já estava em fase final, e a confirmação da delação premiada dos investigados pegou de surpresa os envolvidos no processo, que criticam o fato de que parte das acusações citarem Paulo Afonso, que morreu em maio de 2017 e, portanto, não poderia confirmar as acusações. Ao protocolar a colaboração, os procuradores do Ministério Público Federal pediram ao juiz Luiz Antonio Bonat que remarque o interrogatório dos três delatores. A informações são do jornal O Globo.

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