Na última sexta-feira (5), o governo do Reino Unido anunciou que o país investirá 80 milhões de libras (cerca de 500 milhões de reais) no Fundo Amazônia, após uma reunião do primeiro-ministro Rishi Sunak com o presidente Lula, em Londres. No sábado, o brasileiro disse em entrevista coletiva que o rei Charles III, coroado naquele dia, lhe pediu para cuidar da floresta amazônica, ao que ele teria respondido que precisa de ajuda e muitos recursos.
No Brasil, o senador Marcio Bittar (União Brasil-AC), fez um discurso no plenário do Senado, na terça (9), para criticar conforme Gustavo Maia, da Veja, “o grau de submissão em que o Brasil, historicamente, tem se colocado quando o assunto é Amazônia”. E ainda fez uma série de críticas ao monarca britânico e à família real.
“Eu me sinto, como brasileiro, envergonhado, porque paisinho pequenininho, sem nenhum demérito, consegue enfrentar uma potência como os Estados Unidos — eu me refiro à Cuba comunista, há quase 70 anos — e impuseram os seus valores, com os quais eu não concordo, mas impuseram os seus valores”, declarou Bittar, citando também o governo de Nicolás Maduro na Venezuela, que resistiu à pressão da comunidade internacional.
“Mas o Brasil – e isso me envergonha profundamente -, a passos largos, abriu mão da soberania nacional, sobre 66% do seu território. Isso não é exclusividade do Lula. Foi do Fernando Henrique Cardoso, foi da Dilma, só não foi do Bolsonaro”, comentou.
O senador então disse ter achado “super estranho” o pedido do rei Charles revelado por Lula sobre o cuidado com a Amazônia, já que “a Europa, a Inglaterra não tem moral nenhuma para tocar nesse assunto”. Isso porque o Brasil preserva 66% do território nacional e a Inglaterra, teria apenas 10% da vegetação nativa.
“E, pasmem, se o Brasil se desse ao respeito nesse tema, era para virar para o Rei Charles e dizer para ele cuidar do país dele. Sabia que o Reino Unido inteiro é pouquinho maior do que Roraima? Sendo pouquinho maior do que Roraima, o Brasil sendo 34 vezes maior do que a Inglaterra, mas – incrível! – o Reino Unido joga mais CO2 no planeta do que o Brasil”, afirmou o parlamentar.
“Portanto, eu me senti doído, ofendido, de o Rei Charles, que era um caçador contumaz… Quem não se lembra, saiu um estudo que diz que, no ano de 2013, só a família real matou mais de 7 mil animais, com arma de fogo, caçando. Então, quem são eles?! Eu me senti ofendido. Eu, como brasileiro, como amazônida, me sinto ofendido na minha soberania, no desejo de ter o meu país livre, independente, mandando no seu destino, de, na primeira ocasião, ele mandar o Presidente da República cuidar da Amazônia, como se nós não cuidássemos. Eles é que não cuidaram dos deles”, complementou.
Ele disse ainda que o Brasil, no que diz respeito à floresta, “é vassalo de países como a Noruega, que financia o fundo amazônico, comprando soberania nacional”.
“Isso para mim é o assunto que mais me comove, que mais me causa indignação. Nenhum país do mundo aceitou o que o Brasil aceita em mais da metade do seu território: ser mandado de fora para dentro”, declarou.