A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado aprovou nesta terça-feira (22) um requerimento de convite para ouvir o presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro.
O objetivo é investigar denúncias de que a instituição estaria restringindo o acesso a crédito a Estados governados por partidos de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
O autor do pedido, senador Renan Calheiros (MDB-AL), que cita reportagem publicada da Folha de S.Paulo, que relatou em janeiro que Estados administrados por aliados do presidente Jair Bolsonaro concentraram dois terços dos R$ 5,3 bilhões liberados pelo banco em 2021.
Para Renan, o BB está usando sua política de crédito bancário de forma personalista e discriminatória.
“Estados governados por partidos não alinhados, como é o caso de Alagoas e Bahia, enfrentam grandes dificuldades para aprovar operações de empréstimo. O BB não pode jamais direcionar seus recursos creditícios a partir de critérios de discriminação político-partidária”, argumenta.
Segundo o jornal, Alagoas, por exemplo, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para obter os recursos, após o banco ter abandonado as negociações sem justificativas.
Alagoas é governado por Renan Filho (MDB), filho do senador Renan Calheiros.
O emedebista foi relator da CPI da Covid ano passado e esteve à frente das investigações que apuraram erros e emissões cometidas pelo Executivo federal durante a pandemia de covid-19.
Além de Alagoas, a Bahia —governado pelo petista Rui Costa— também enfrenta problemas para obter crédito do Banco do Brasil.
“O tratamento hostil e discriminatório do BB à Bahia é incompatível com essa retomada da economia do estado, ainda mais levando em conta os problemas recentes de calamidade pública vividos pelo povo baiano, a exigir novos investimentos em obras de infraestrutura e de construção de habitações”, afirma o texto do requerimento.
Aliados são os mais beneficiados
Entre os partidos que governam estados mais beneficiados estão PP, que integra a base do governo, além de PSD, MDB e PSDB, que se declaram independentes, mas têm congressistas que dão sustentação a Bolsonaro em votações no Congresso.
O Banco do Brasil informou na ocasião que “toda contratação de operações para o setor público segue estritamente as exigências legais dos órgãos reguladores, a avaliação de crédito e os interesses negociais do BB”.