Segundo artigo de William Waack, no Estadão, Lula exibe dificuldades para extrair vantagens decisivas de dois presentes políticos que deveriam beneficiá-lo muito mais. O primeiro foi a insurreição bolsonarista do 8 de janeiro que, supõe-se, destruiria a essência de uma corrente política. O segundo foi o escândalo das joias das Arábias, que destruiria a essência da pessoa de seu adversário político.
Parte das dificuldades de Lula vem de fatores de grande abrangência. Um deles é aquilo que os profissionais de pesquisas chamam de “calcificação”, ou seja, as duas metades que saíram das urnas em 2022 continuam mais ou menos iguais, com o mesmo teor de polarização. E minimizam, ignoram ou absorvem qualquer fato “negativo” dentro da própria corrente.
Outro fator abrangente é de caráter “antropológico” – e deprimente. É a maneira como vastas parcelas da população lidam com o uso do dinheiro público (que milhões nem entendem que é o dinheiro dos impostos que pagam). No ambiente “calcificado”, a indignação com o uso privado de recursos públicos é ainda mais seletiva. Perdoa-se sem muitos rodeios se o ocorrido for no lado “certo”, ou se há “necessidade política de votos no Congresso.
Mas parte das dificuldades políticas de Lula vem dele mesmo. Colocar um monte de gente a bordo de uma espécie de arca de Noé política e batizá-la de “frente ampla” não fazem dela um governo de ampla coligação, registra o jornalista
Segundo artigo de William Waack, no Estadão, Lula exibe dificuldades para extrair vantagens decisivas de dois presentes políticos que deveriam beneficiá-lo muito mais. O primeiro foi a insurreição bolsonarista do 8 de janeiro que, supõe-se, destruiria a essência de uma corrente política. O segundo foi o escândalo das joias das Arábias, que destruiria a essência da pessoa de seu adversário político.
Parte das dificuldades de Lula vem de fatores de grande abrangência. Um deles é aquilo que os profissionais de pesquisas chamam de “calcificação”, ou seja, as duas metades que saíram das urnas em 2022 continuam mais ou menos iguais, com o mesmo teor de polarização. E minimizam, ignoram ou absorvem qualquer fato “negativo” dentro da própria corrente.
Outro fator abrangente é de caráter “antropológico” – e deprimente. É a maneira como vastas parcelas da população lidam com o uso do dinheiro público (que milhões nem entendem que é o dinheiro dos impostos que pagam). No ambiente “calcificado”, a indignação com o uso privado de recursos públicos é ainda mais seletiva. Perdoa-se sem muitos rodeios se o ocorrido for no lado “certo”, ou se há “necessidade política de votos no Congresso.
Mas parte das dificuldades políticas de Lula vem dele mesmo. Colocar um monte de gente a bordo de uma espécie de arca de Noé política e batizá-la de “frente ampla” não fazem dela um governo de ampla coligação. Nem criam automaticamente um conjunto de denominadores comuns entre forças e personalidades políticas antagônicas – ainda mais quando o capitão do barco não manda sozinho e pretende achar um rumo a partir de cacofonia de opiniões.
A montagem até aqui do próprio Executivo é exemplo de desarticulação de uma pretendida “frente ampla”, diz William Waack. Os ministérios “fortes” ficaram com o PT e têm escalões hierárquicos definidos. Mas o segundo escalão de pastas entregues a outros partidos permanece desocupado (emperrando uma máquina já lenta e custosa) à espera de definições no Legislativo, por sua vez dependendo de distribuição de cargos no Executivo e estatais. E do que dirigentes do PT possam achar das nomeações feitas por ministros de outros partidos.
Lula demonstra pressa e angústia em exibir o mais rápido possível “resultados positivos”, sobretudo na economia. Sua evidente ansiedade, que traduz um “sentir-se cercado”, tem uma razão objetiva: não é só o “bolsonarismo” ou a “extrema direita” que aguardam “fracassos” do Lula 3. É enorme a parcela dos que precisam ser convencidos de que o atual governo seria capaz de tirar o País da estagnação (ou sequer pacificá-lo).
Se continuar sendo o PT, Lula vai devolver aos adversários o presente político.
. Nem criam automaticamente um conjunto de denominadores comuns entre forças e personalidades políticas antagônicas – ainda mais quando o capitão do barco não manda sozinho e pretende achar um rumo a partir de cacofonia de opiniões.
A montagem até aqui do próprio Executivo é exemplo de desarticulação de uma pretendida “frente ampla”, diz William Waack. Os ministérios “fortes” ficaram com o PT e têm escalões hierárquicos definidos. Mas o segundo escalão de pastas entregues a outros partidos permanece desocupado (emperrando uma máquina já lenta e custosa) à espera de definições no Legislativo, por sua vez dependendo de distribuição de cargos no Executivo e estatais. E do que dirigentes do PT possam achar das nomeações feitas por ministros de outros partidos.
Lula demonstra pressa e angústia em exibir o mais rápido possível “resultados positivos”, sobretudo na economia. Sua evidente ansiedade, que traduz um “sentir-se cercado”, tem uma razão objetiva, registra William Waack: não é só o “bolsonarismo” ou a “extrema direita” que aguardam “fracassos” do Lula 3. É enorme a parcela dos que precisam ser convencidos de que o atual governo seria capaz de tirar o País da estagnação (ou sequer pacificá-lo).
Se continuar sendo o PT, Lula vai devolver aos adversários o presente político.