Os resultados do segundo turno nos 12 estados onde os eleitores voltaram às urnas neste último domingo (30) conforme matéria de Rafael Galdo, do O Globo, para escolher seus governadores mantiveram a força do conservadorismo no país, apesar da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência da República. Com o quebra-cabeças montado, 14 dos eleitos nas 27 unidades da federação declararam apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno, todos em partidos de direita ou centro-direita. Com a conquista neste domingo de seu ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo, o chefe do Executivo, embora derrotado, fechou a tríade de aliados nos maiores colégios eleitorais brasileiros, lista que inclui Minas Gerais de Romeu Zema (Novo) e o Rio de Janeiro de Cláudio Castro (PL), ambos os políticos escolhidos já no primeiro turno.
O espectro bolsonarista fez ainda o governador que obteve maior vantagem percentual sobre seu adversário nessa segunda rodada da votação: Jorginho Mello (PL), em Santa Catarina, estado que reproduzia a configuração do embate nacional entre o partido do atual presidente e o PT. O candidato teve 70,69% dos votos, contra 29,31% de Décio Lima (PT). Além dele, aliados de Bolsonaro foram reeleitos no Amazonas, com Wilson Lima (União), e em Rondônia, com Coronel Marcos Rocha (União), que concorria com Marcos Rogerio (PL), também apoiador do candidato ao Palácio do Planalto que perdeu ontem.
O PSDB, por sua vez, ganha fôlego no tabuleiro do poder nos estados. O partido chegou a ter oito governadores em 2010 e corria o risco de sair zerado da campanha deste ano. Mas garantiu três das quatro corridas do segundo turno que disputou, todas de virada com relação ao primeiro turno, com Riedel, Leite e Raquel Lyra (PSDB), em Pernambuco, que ganhou de Marília Arraes (Solidariedade). Os tucanos só não puderam comemorar na Paraíba, onde Pedro Cunha Lima (PSDB) não conseguiu conter a reeleição de João Azevêdo (PSB).
Reduto da esquerda
O Nordeste, aliás, continua sendo a fortaleza dos governos de esquerda. O único estado fora da região comandado por uma sigla com essa orientação será o Espírito Santo, no Sudeste, onde Renato Casagrande (PSB), de centro-esquerda, se reelegeu no duelo com o bolsonarista Carlos Manato (PL). Os nordestinos também garantiram ao PT o status de partido com mais governadores, ao lado do União Brasil — quatro cada um.
A votação para governador no Nordeste — Foto: Editoria de Arte
Ontem, Jerônimo (PT) confirmou a vitória na Bahia, depois de, no primeiro turno, ele ter largado atrás nas pesquisas de intenção de voto contra ACM Neto (União), que acabou perdendo espaço em meio à polêmica racial em que se envolveu ao mudar sua autodeclaração de cor/raça de branco para pardo. No primeiro turno, o partido de Lula já havia vencido no Ceará (Elmano de Freitas), no Rio Grande do Norte (Fatima Bezerra) e no Piauí (Rafael Fonteles).
Recorde de reeleições
O PT — que se manteve nos mesmos quatro estados que já governava desde 2018 — ficou restrito, porém, ao Nordeste, após as derrocadas de Fernando Haddad (PT) em São Paulo e de Décio Lima entre os catarinenses. Mas veio da região também uma terceira derrota petista no segundo turno, de Rogério Carvalho (PT), suplantado por Fábio Mitidieri (PSD) em Sergipe. Num quinto estado nordestino onde os eleitores retornaram às urnas neste domingo, Paulo Dantas (MDB) se reelegeu em Alagoas.
Ao todo, 11 legendas fizeram governadores em todo o país. Além dessa pulverização partidária, outra marca da disputa dos estados em 2022 foi o recorde de reeleições. Dos 19 governadores que haviam se candidatado, 12 já tinham confirmado a reeleição no primeiro turno. Com mais cinco reeleitos ontem, somam 17 os que vão continuar como mandatários, reiterando a força das máquinas estaduais na campanha.