Cientistas chineses começaram a furar em 31 de maio e continuam sem parar nesta segunda-feira (28), um buraco de 10 mil metros de profundidade na crosta terrestre, em mais uma tentativa da segunda maior economia do mundo de explorar novas fronteiras acima e abaixo da superfície do planeta. A perfuração daquele que será o poço mais profundo da China teve início na terça-feira em Tarim Basin, na região de Xinjiang, rica em petróleo, segundo a agência estatal Xinhua.
O buraco penetrará por mais de 10 estratos geológicos, ou camadas de rocha, de acordo com a reportagem. O objetivo é alcançar vestígios do Período Cretáceo na crosta terrestre, onde há rochas com idade aproximada de 145 milhões de anos.
— A dificuldade de construção do projeto de perfuração pode ser comparada a um grande caminhão dirigindo por dois finos cabos de aço — disse à Xinhua Sun Jinsheng, cientista da Academia Chinesa de Engenharia à Tarim Basin, da Bloomberg.
O presidente Xi Jinping fez um apelo para maior progresso na exploração da Terra profunda em um discurso para alguns dos principais cientistas do país em 2021. A iniciativa pode ajudar a identificar recursos minerais e energéticos, além de ajudar a identificar os riscos de desastres ambientais, como terremotos e erupções vulcânicas e identificar ocorrências passadas.
Outro possível uso da iniciativa é para ajudar a reconstruir a história da formação da Terra, como a evolução das rochas, mudanças climáticas e a evolução da vida. Pequim, contudo, não deu maiores justificativas para a exploração.
O poço mais profundo já perfurado na Terra ainda é o russo poço superprofundo de Kola, que alcançou 12,2 mil metros em 1989. Ele levou duas décadas para ser concluído, e tinha por fim avaliar a composição da crosta e do manto terrestre, precisando superar desafios como altas temperaturas e a resistência das rochas.
Xinjiang, que em mandarim quer dizer “nova fronteira”, é estratégica para Pequim: faz divisa com oito países e é chave para o megaprojeto de infraestrutura chinês “Cinturão e Rota”, a plataforma para investimentos em ferrovias, portos e rodovias em todo o mundo conhecida como “a nova Rota da Seda”.