Depois de dois dias de movimento intenso de imprensa, entrevistas e preocupação elevada no ar, a última quarta-feira foi de tranquilidade atípica na sede da força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba, na data do julgamento do habeas corpus preventivo de Luiz Inácio Lula da Silva, no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa do ex-presidente tentava evitar a execução provisória da pena de prisão, no caso triplex do Guarujá (SP), decretada em segunda instância.
Dos 13 procuradores da República do grupo, apenas o decano deles, Carlos Fernando dos Santos Lima, ocupava sua cadeira por volta das 14h, quando começou no STF a sessão de julgamento do HC 152.752/PR, transmitida ao vivo pela TV e internet.
Condenado a 12 anos e 1 mês de prisão, em 24 de janeiro, e com recurso contra sentença da segunda instância – os chamados embargos de declaração – negados, no dia 26 de março, a defesa do petista pediu ao Supremo o direito de recorrer até a última instância, até o trânsito em julgado do processo. Perdeu em placar apertado: 6 a 5.
Classificado pelo coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, à véspera, como o “mais importante julgamento da história da Lava Jato”, a decisão do STF mobilizou a força-tarefa últimos dias, que aumentou suas manifestações públicas contra o acolhimento do HC e pela rejeição de uma mudança de entendimento da Corte, sobre a execução da pena à partir da segunda instância – regra aplicada desde 2016.
São três salas no QG da força-tarefa ocupadas pelos procuradores. São três mesas na sala menor e cinco nas outras duas – em cada mesa, dois monitores dividem o espaço com as pilhas de processos acumuladas. Nesta quarta, elas passaram o dia praticamente vazias. O movimento foi só das equipes técnicas, de analistas e de assistentes do grupo do Ministério Público Federal que, em 2014, originou o escândalo Petrobrás e levou Lula à condenação.
A maioria da equipe está em viagem de trabalho – dois estão em férias e pelo menos dois e folga -, mas acompanhou a votação como pôde, pela internet, rádio ou pela TV.
Carlos Lima chegou a postar manifestações em seu Facebook antes da sessão. “Ninguém é tão supremo que não deva ouvir o povo”, escreveu o procurador, que trabalhou normalmente e acompanhou o desenrolar da sessão pela internet.
Questionados na terça-feira, sobre como seria o dia de trabalho da força-tarefa, Carlos Lima afirmou: “Será mais um dia de trabalho. Acompanhamos… alguns vão acompanhar, mas na verdade, temos muito a fazer e será mais um dia de trabalho normal”.