O chefão da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da presidência da República, Hussein Ali Kalout, valoriza o conhecimento, as amizades e a família.
Professor de Harvard, ele chegou ao governo por uma escolha pessoal de Michel Temer. E ao ascender, não esqueceu dos seus chegados.
Kalout arrumou um emprego para Gustavo Bandeira Lopes, filho do ex-presidente do INSS Francisco Lopes, que caiu por ter contratado uma empresa de informática que funcionava no endereço de uma distribuidora de bebidas.
Assim que Lopes assumiu o instituto de previdência, em dezembro do ano passado, Gustavo apareceu nos quadros da SAE.
Hussein conhecia o pai de seu novo funcionário há uma década. Eles trabalharam juntos no STJ.
Mas a generosidade só prospera em via de mão dupla.
Por isso, em fevereiro deste ano, Francisco Lopes pediu ao Ministério do Desenvolvimento Social, pasta à qual o INSS está vinculado, autorização para nomear Fátima Ali Kalout a um cargo de confiança em seu gabinete.
Como o sobrenome sugere, trata-se da irmã de Hussein, o velho conhecido que havia dado uma forcinha para seu filho.
O nepotismo cruzado não vingou por pouco.
O Ministério do Planejamento proibiu a contratação de Fátima e justificou que tal posto só poderia ser ocupado por um servidor de carreira.
Resultado, sobrou para Gustavo.
Exatamente um mês depois de sua irmã ser indicada – e vetada -, Hussein demitiu o herdeiro do então presidente do INSS.
Embora tenha sido interrompido na reta final, o roteiro do toma lá, dá cá protagonizado por um homem de confiança de Temer é um prato cheio para a Comissão de Ética da presidência da República.