Anunciado para a secretaria municipal de Educação em janeiro de 2023 na reforma administrativa do prefeito Bruno Reis (União Brasil), após seis anos na Secretaria Municipal de Gestão (Semge) – desde 2017, ainda no governo de ACM Neto (União Brasil), Thiago Dantas esteve na Tribuna da Bahia para um almoço com o presidente do jornal, Walter Pinheiro, o vice Marcelo Sacramento e o diretor de redação Paulo Roberto Sampaio, quando dialogou sobre desafios e avanços da pasta. A secretária de Comunicação, Renata Vidal, também participou do encontro. A matéria é de Hieros Vasconcelos Rêgo e Paulo Roberto Sampaio, do jornal Tribuna.
Dantas, que também já foi procurador do município de Salvador, atuando como chefe da Representação do órgão na Secretaria Municipal da Fazenda, deixou a Semge com o desafio de reconstruir uma relação produtiva com a categoria de educadores. O ex-titular da pasta, Marcelo Oliveira, era considerado pelos professores e pedagogos como uma pessoa de difícil trato e por conta disso foi alvo de diversos protestos, o que teria motivado o prefeito a escolher Dantas para assumir a missão de resolver um dos principais calos da gestão municipal.
De acordo com o secretário, a rede municipal tem cerca de 170 mil alunos, distribuídos entre os ensinos Infantil e Fundamental, um número alto que apresenta um panorama de diversos desafios.
“A cada 12 mil alunos que saem, 15 mil entram. Então, a quantidade só cresce. A secretaria de Educação é a pasta mais demandada da prefeitura. É também uma pasta muito complicada, por isso é preciso entender como os recursos financeiros se dão. O prefeito se importa muito, não à toa a secretaria recebeu investimentos que melhoraram sua infraestrutura, um diferencial grande, uma vez que era na Garibaldi em instalações mais provisórias”, detalha.
Projetos futuros
Ele disse na entrevista ao Tribuna da Bahia, que o chefe do executivo municipal quer transformar Salvador na capital da Educação e para isso a secretaria tem, em diálogo com as gerencias regionais, pensado em diversos projetos. Entre eles estão investimentos em tecnologia, inovação, ensino em tempo integral, combate à evasão escolar, projetos de aperfeiçoamentos profissionais, previsão de ensino bilingue, capacitação e contratação de estagiários de pedagogia para suprir a lacuna da pandemia.
O titular da Smed também disse que para transformar Salvador na ‘capital da educação’ há altos investimentos nas estruturas físicas, como, por exemplo, a inauguração da Escola Nossa Senhora dos Anjos, em Brotas, que teve investimento de cerca de R$ 12 milhões e terá capacidade para receber 800 alunos por turno. Segundo ele, até o final do mandato de Bruno Reis serão “pelo menos 50 escolas ou construídas do zero, reconstruções e reformas”.
Projeto piloto pretende medir a frequência dos alunos de forma online
No último censo escolar, uma coletânea de informações que são enviadas ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), percebeu-se que houve mais alunos matriculados na rede pública, demonstrando a necessidade de uma gestão focada nos avanços, investimento em tecnologia, inovação, ensino em tempo integral e combate à evasão.
“Com a pandemia, o número de pessoas para escolas públicas aumentou. Muitas famílias não conseguiam sustentar os alunos na rede privada e começaram a matricular na escola pública. E depois, como as aulas estavam suspensas, as pessoas matriculavam na escola pública para cumprir uma formalidade. Então, hoje, dizer onde está a maior pressão em termos de acesso, realizamos outro censo, que começa no final de abril e vai até julho, onde vamos fazer outro raio-x para saber, inclusive, se essas matrículas são só por formalidade e se esses alunos estão indo para as escolas. Ver a quantidade de alunos que estão matriculados e traçar esse raio-x para saber onde precisamos atuar para garantir a permanência”, explicou.
“Estamos implantando agora, em 20 escolas, um projeto piloto, que irá medir a frequência online. O professor vai fazer uma chamada online, pelo notebook. Ao invés de ser na caderneta, vai ser no computador, vai para a base de dados e teremos em tempo real a quantidade de alunos que estão matriculados, e que não estão frequentando, para saber o que está acontecendo. Isso vai dar um raio-x perfeito do que está se passando, qual o maior ponto de atenção e onde precisamos atuar para garantir essa oferta”, acrescentou.
Vagas em tempo integral
Quando o assunto é permanência, inclusive, o secretário se mostrou preocupado e afirmou que uma das prioridades de sua gestão é trabalhar para que os alunos estejam todos os dias na escola, e, se possível, o dia inteiro. Para isso, diz ele, o prefeito deu uma diretriz com o Programa Pé na Escola, que atende crianças até cinco anos, para assegurar 900 vagas em tempo integral.
“Isso diminui o problema dos pais que trabalham o dia inteiro e não tem onde deixar seus filhos. O prefeito também quer que o turno integral comece a partir da série do fundamental 2, que é quando a criança passa pelo momento mais vulnerável em termos de encaminhamento. Isto já foi implantado no Pará. O prefeito disse que não quer perder os meninos para o tráfico”, declarou.
Ainda conforme Dantas municipal de Educação, a prefeitura tem um programa chamado Agente da Educação, que funciona colocando monitores de dedicação exclusiva em cada escola para acompanhar a frequência dos alunos que arrefeceu com a pandemia, mas que será retomado neste semestre. “Depois de 2020, tudo isso foi comprometido e retomamos agora, e em breve teremos uma in formação precisa do que está acontecendo, para saber se as crianças estão matriculadas por formalidade ou de fato estão faltando. Estamos concluindo um chamamento nesse primeiro semestre para termos isso no segundo semestre”, informou.
Secretário diz que tem feito diálogos com gerências regionais
Uma das constantes queixas dos educadores do município, pelo menos na gestão de Marcelo Oliveira – que foi nomeado por Bruno Reis como Gerente de Projetos Estratégicos da Secretaria de Inovação e Tecnologia (Semit) – era a falta de diálogo com a pasta da Educação.
O titular da Smed, no entanto, afirma que este ‘problema’ vem sendo sanado desde que assumiu a secretaria com as intensas conversas e trocas de informações com as gerências regionais. “Temos constantemente diálogos com as gerências regionais, onde fazemos discussão de estratégias de ensino, avaliações internas e externas, tanto das escolas como das comunidades. Então, estamos somando todos os esforços para que a escola, o ambiente escolar, tenha uma relação saudável e muito aberta com a secretaria, com os professores, com os pais e com a comunidade onde as unidades de ensino estão instaladas”, destaca.
Conforme o secretário, o diálogo perpassa por informações acerca dos recursos da pasta, quanto está sendo investido e no que se investe. “A partir desses encontros a gente conseguiu fazer um diagnóstico do que é considerado mais urgente, mais relevante, aquilo que deveríamos também ir buscando cumprir dentro de uma estratégia de plano de ação bem estruturado”, diz.
Ele acrescenta, ainda, que o último diálogo durou três semanas, resultando em um “material riquíssimo, com informações e retratos da rede”.
Um dos exemplos que Dantas aponta como fruto desse diálogo é o Projeto de Apoio de Aprendizagem, que vem sendo implementado na rede de ensino do município com a disponibilização de 1,5 mil estagiários de Pedagogia do 5º ao 9º ano. O objetivo é identificar as deficiências provocadas pela lacuna que a pandemia causou no ensino.
“O projeto de Apoio de Aprendizagem teve um investimento de 10 milhões, e identifica as deficiências provocadas pela lacuna da pandemia. Semana passada já foram incluídos 250 estagiários. Houve uma melhora significativa nas escolas, com todos esses projetos em voga, reforma, aprendizado pedagógico”, continuou.
“Educação digital é um processo gradativo”, diz Dantas
Investir na educação digital para que os alunos cheguem ao ensino médio mais preparados e tenham mais facilidade para ingressar em estágios e no mercado de trabalho. Este foi um dos objetivos apresentados pelo secretário de educação de Salvador, Thiago Dantas, durante sua visita à Tribuna da Bahia.
Ele recorda que em setembro do ano passado foram distribuídos 06 mil tablets para os estudantes do 1º ao 9º ano das escolas municipais. Já oito mil chromebooks foram distribuídos para o corpo docente.
A iniciativa faz parte do Programa Educação Digital, cujo objetivo conforme explica o secretário, vai além da implantação e entrega de computadores para alunos e professores. “Levar tecnologia e investir nos alunos é também os preparar para o futuro”.
O Educação Digital visa ampliar a conectividade dos alunos, reduzir a infrequência, o abandono escolar e melhorar o rendimento. O dispositivo eletrônico terá um pacote de dados atualizado mensalmente.
A expectativa é de que, com os tablets, possa se levar o aprendizado para além da sala de aula, como uma ferramenta a mais que gerencia e distribui os estudos com banco de dados que possibilitam o acompanhamento on-line dos assuntos e atividades. O titular da Smed reforçou ainda que o novo sistema é integrado a toda a rede, controlando a performance, registros, histórico escolar, matrícula e cadastro dos alunos, além de distribuição de vagas por georreferenciamento. “Os exercícios, as atividades, acontecem de forma mais lúdica, mais atrativa, e de fácil aprendizado. Tudo sob acompanhamento constante dos professores “, explica.
Secretaria estuda ensino bilingue nas escolas municipais
Recentemente, no dia 10 de fevereiro, a prefeitura lançou uma parceria com o Instituto Cervantes e o Governo do Reino da Espanha para ofertar a estudantes e professores da Rede Municipal de Ensino bolsas de estudo da língua espanhola. As bolsas são resultado de um memorando de entendimento assinado entre a Prefeitura e a instituição em junho de 2022.
Além do prefeito Bruno Reis, estiveram no lançamento da ação no Palácio Thomé de Souza, a vice-prefeita, Ana Paula Matos, o titular da Secretaria de Educação (Smed), Thiago Dantas, o coordenador do Escritório de Cooperação Internacional (ECI), João Victor Queiroz, a embaixadora da Espanha no Brasil, María del Mar Fernández-Palacios, o cônsul-geral da Espanha na capital, Carlos Pérez-Desoy, e o diretor-geral do Instituto Cervantes de Salvador, Daniel Arca.
Para o secretário, é importante a educação digital e a implantação de um ambiente virtual de aprendizagem, mas conhecer outra língua é fundamental na disputa do mercado de trabalho. “Seria para a educação infantil e ensino fundamental. O prefeito abraça com grande entusiasmo o ensino bilingue e estamos conversando com parceiros, pois é de fato um projeto complexo. A execução é complexa. Mas é fundamental proporcionar este ensino para o mercado”, disse.
EJAs – Neste ano, a rede municipal de Salvador informa ter 10.122 alunos matriculados na EJA, com ampla diversidade etária, a partir de 15 anos. Conforme consta no site da Secretaria Municipal de Educação, do total de educandos, 1.337 têm idade acima de 60 anos e 28, mais de 80. Isso significa que 13,5% dos matriculados são idosos.
A faixa etária com maior número de matriculados é a que compreende entre 50 e 59 anos, com 2.223 matrículas, representando 22%. Segundo a Smed, a modalidade apresenta, ainda, expressiva presença de adolescentes. E, no total, a predominância é de mulheres. Trata-se, ainda, de uma educação inclusiva, que atende educando com deficiência.
Matrículas
Para quem quiser voltar a estudar, a Rede Municipal de Educação de Salvador mantém as matrículas abertas o ano todo, basta procurar uma das unidades de ensino com turmas voltadas a essa modalidade.