Ex-secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas alertou, em entrevista ao jornal Tribuna, para o risco de haver um surto de Covid-19, caso as autoridades baianas decidam realizar o Carnaval no próximo ano. “Não tenho dúvida (de que há esse risco). Historicamente sempre ocorre surto de viroses respiratórias após o Carnaval. Não há razão para acreditar que não haverá aumento de casos de Covid-19 nas semanas subsequentes ao carnaval. O modelo atual de carnaval, com aglomerações nas ruas e, principalmente, em camarotes, além de fluxo de pessoas de outros estados e países, é a receita ideal para disseminação de doenças virais respiratórias”, ressaltou Vilas-Boas.
O ex-secretário disse ainda na publicação, que as autoridades baianas não devem aceitar a pressão de empresários da festa momesca. “Não podemos jogar na lata do lixo todo o sacrifício feito pelos 15 milhões de baianos ao longo de quase dois anos de pandemia, para atender a pressão de um segmento da sociedade, por mais relevância que tenha na nossa cultura e economia. Governar é saber tomar decisões em favor da maioria do povo, mesmo contrariando interesses poderosos”, salientou.
Vilas-Boas, no entanto, se posicionou a favor de ter Réveillon. “O Réveillon, diferente do carnaval, é uma noite só. São só seis ou oito horas de festa, e algumas festas. O problema do Carnaval é que são milhões de pessoas durante sete dias. Além disso, tem gente de fora. O Réveillon é geralmente ao ar livre, na beira do mar, ventilado. Eu acho que não teria problema não, se for em ambiente controlado”, pontuou no Tribuna.
Em Nova York, foi liberada a festa de Réveillon, mas só as pessoas totalmente vacinadas poderão participar na praça da Times Square, onde acontecerá o evento. O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), disse que vai discutir com o governador da Bahia, Rui Costa (PT), sobre a realização do carnaval e do Réveillon, mas ainda não há data para acontecer o encontro. “Ainda não. Eu solicitei audiência com o governador, e nós estamos ajustando a agenda para que possamos ter essa conversa. Assim que tiver, nós iremos dar conhecimento a todos sobre qual o nosso posicionamento. Eu pretendo ter (um posicionamento) junto com o governador sobre a realização desses eventos”, contou. Nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se manifestou contra ter Carnaval. “Por mim, não teria Carnaval, mas tem um detalhe, quem decide não sou eu. Segundo o STF, quem decide são governadores e prefeitos”, afirmou em entrevista à rádio Sociedade da Bahia.
Vilas-Boas declarou também que é preciso ampliar a vacinação da segunda dose contra Covid-19. “É preciso um trabalho de busca ativa por parte das prefeituras, fazendo visitas domiciliares para pegar essas pessoas e aplicar a segunda dose. Não é difícil. Nós temos 400 municípios, e vai ser uma quantidade de pessoas por municípios pequena. Isso pode ser feito empregando o apoio dos agentes comunitários de saúde dos próprios municípios”, analisou.