O ginecologista Raphael Câmara, conselheiro do CFM (Conselho Federal de Medicina), diz que o ministro Alexandre Padilha, atualmente na SRI (Secretaria de Relações Institucionais), será “muito mais” criticado do que Nísia Trindade, caso a substitua no Ministério da Saúde.
Como mostrou a Folha, o presidente Lula (PT) já avisou a aliados que Nísia será substituída na reforma ministerial. Padilha é um dos mais cotados para entrar na vaga da ministra.
Para Câmara, a substituição de Nísia é resultado das “seguidas incompetências do ministério da Saúde”.
“A gente mostrou as sete pragas do Egito na realidade brasileira trazendo de volta doenças que já haviam sumido. Mostramos fatos. Nenhuma ofensa”, afirma.
O CFM, com membros abertamente conservadores, tem se destacado pela oposição a diversos aspectos da gestão da Saúde no governo Lula.
“A gente foi chamado de genocida e nunca nos vitimizamos”, complementa, ressaltando que seu grupo é chamado de misógino por criticar a ministra. “Se ela cair foi por sua péssima gestão, e não por termos mostrado a péssima gestão.”
Câmara sinaliza que o cenário não será melhor caso Padilha assuma o ministério. “Se vier o Padilha, que é homem, vai ser criticado muito mais”, diz. “É um dos idealizadores do Mais Médicos que trouxe esse cenário de caos na saúde.”
Segundo ele, Padilha é considerado por muitos o “inimigo número um da medicina brasileira” por causa do programa, que no passado se notabilizou por importar médicos cubanos para exercer a profissão no interior do Brasil.