O tempo político parece ter se acelerado nesses dias de fevereiro. A eleição na Câmara e no Senado, no dia primeiro de fevereiro, produziu uma sucessão de eventos dentro dos partidos. O último movimento foi realizado pelo governador Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, que se colocou como uma alternativa dentro do PSDB.
Um balanço rápido indica que o presidente do DEM, ACM Neto, acionou uma bomba dentro do seu próprio partido, levando seus liderados mais para a direita e produzindo a reação do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia. O DEM se posicionou mais perto do presidente Jair Bolsonaro, e isso levará Maia para algum outro partido.
No PSDB, o governador João Doria fez um jantar para aumentar seu poder no partido, o que o levaria para o comando. Mas a reação foi no sentido contrário. A sigla confirmou a presidência de Bruno Araújo, e Eduardo Leite lembrou que ele nunca juntou seu nome ao de Bolsonaro. Lembrou que o partido pode voltar à sua posição social democrata.
O MDB abandonou a candidata Simone Tebet para também se aproximar da gestão Bolsonaro, fortalecendo a ala dos líderes governistas. O partido do admirável Ulysses Guimarães, lembrado no discurso de Baleia Rossi, candidato derrotado à Câmara, e de Ramez Tebet, lembrado por sua filha Simone, foi também mais para a direita.
No PT, o principal partido da esquerda brasileira, Lula disse que se não for ele o candidato, por impossibilidade legal, será Fernando Haddad repetindo estratégia que foi derrotada em 2018, e provocando forte reação de Guilherme Boulos, que diz preferir uma discussão de projeto amplo.
Dentro do governo, o presidente e o vice-presidente Hamilton Mourão assumiram publicamente o desentendimento. Os aliados de Bolsonaro dizem abertamente que ele está disponível para outro “casamento” na chapa de 2022. Tudo isso aconteceu em fevereiro, e o carnaval ainda nem começou. Esperem só a quarta-feira de cinzas.
Reprodução do artigo de Matheus Leitão / Revista Veja