O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta quarta-feira (27) que Jair Bolsonaro tem grande chance de se reeleger se seu principal adversário em 2022 for o PT. Para ele, Bolsonaro continua fortalecido no poder, apesar de ter perdido popularidade neste início de ano, e seu adversário precisará ter a capacidade de aglutinar apoio de diferentes forças políticas.
“Se ficar PT e Bolsonaro, a chance de Bolsonaro ganhar é grande. Atribui-se muita coisa errada ao PT”, afirmou o ex-presidente, que se manteve neutro no segundo turno da eleição de 2018. “Se quisermos ter possibilidade de vitória, tem que unir todas as forças, todas as forças que se dispuserem a trabalhar. Isso vai depender de quem é o candidato.”
Ao participar de uma conferência virtual do Credit Suisse, FHC afirmou que se arrepende de ter viabilizado a reeleição no país e sugeriu os nomes dos governadores João Doria (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), ambos do PSDB, e do apresentador Luciano Huck, sem filiação partidária, para 2022.
Sobre Doria, ele disse conforme o Valor, que todo governador de São Paulo é naturalmente um potencial candidato à Presidência. Huck tem popularidade e Leite é um “rapaz que parece bom”, segundo FHC. “Eles têm que assumir posições que agreguem. Se estiverem desagregados, o outro lado ganha. Precisa ter capacidade de falar em nome da maioria”, disse, afirmando que o candidato não pode ser da “oposição sectária”.
Presente na conferência, o ex-presidente Michel Temer (MDB) evitou falar em nomes para 2022 e disse que é “importante encontrar alguém que saiba sensibilizar a vontade popular”. “Essa história de centro, direita, esquerda, isso não existe mais. O povo quer resultado. Tanto faz, [ele] quer o resultado. Se o resultado for positivo, o povo aplaude. Tanto faz de centro, direita e esquerda”, afirmou.
‘Mea culpa’
Durante a conferência, FHC fez um “mea culpa” por ter articulado e aprovado a reeleição em 1997, quando era presidente, para ter mais quatro anos de mandato. Segundo ele, o ideal seria um mandato presidencial de cinco anos, conforme estabelecido pela Assembleia Nacional Constituinte.
Para o tucano, desde que a reeleição foi aprovada, os presidentes passaram a “cair na armadilha” de governar para se manterem no cargo por dois mandatos consecutivos. “Acho ruim para o Brasil o instituto da reeleição. É uma autocrítica”, afirmou.
Em seguida, ele voltou a falar que a possibilidade de Bolsonaro ser reeleito é grande. “É um erro pensar que porque ele caiu na pesquisa, perdeu poder de aglutinar”, disse. O ex-presidente ainda o criticou pela forma de fazer política, sem negociar com a oposição. “Acho que nosso presidente está equivocado nessa posição muito radicalizada. A sensação é de que ele quer uma gangue, um lado só”.