Tradicionalmente, São Paulo recebe imigrantes de todas as regiões do país. Este ano, porém segundo o colunista Chico Alves, do UOL, uma inusitada turma de ‘forasteiros’ desembarcou em território paulista. São candidatos às eleições de outubro dispostos a deixar seus estados de origem para disputar a preferência do eleitor em um cenário diferente.
Até agora, do Rio vêm Tarcísio de Freitas (pré-candidato do PL a governador), Eduardo Cunha (pré-candidato a deputado federal pelo PTB) e Eduardo Bolsonaro (que será candidato à reeleição a deputado federal pelo PL). Do Paraná, desembarca o casal Sergio Moro e Rosângela Moro (ele talvez concorra a presidente ou senador e ela talvez a deputada, ambos pelo União Brasil). Vinda do Acre, Marina Silva tem sido incentivada a se candidatar a deputada ou senadora pela Rede.
Essa concentração de ‘estrangeiros’ em São Paulo não tem apenas uma explicação.
Para o deputado Junior Bozzella, vice-presidente do União Brasil em São Paulo e um dos autores do convite para Sergio e Rosângela Moro ingressarem na legenda, o movimento é natural. “São Paulo é o maior colégio eleitoral do Brasil, por isso é estratégico”, acredita ele.
Bozzella avalia que cada um dos candidatos vindos de fora tem motivos particulares para essa mudança, mas há um elemento que é comum a todos: a necessidade de dar visibilidade a um projeto nacional, que o estado possibilita.
Já o deputado Rodrigo Maia, que se licenciou do mandato conquistado no Rio para atuar como secretário no governo de João Doria (PSDB), acredita que os candidatos que migraram procuram conquistar a classe média paulista. “É um eleitor ideológico, conhecido por votar mais pelo que o parlamentar representa do que pelo que a máquina partidária pode oferecer”, arrisca.
O cientista Carlos Melo, do Insper, lembra o trecho da letra da música “Vaca profana” em que Caetano Veloso diz que São Paulo é como o mundo todo. “Isso quer dizer que o estado tem uma enorme diversidade. Como tem muita gente, tem eleitor para todo mundo”, explica ele.
Melo destaca, porém, que o estado sempre teve um contingente importante de eleitores conservadores (“Quase reacionários”, observa) que já foi janista, se tornou malufista e com o ocaso de Paulo Maluf ficou órfão. Tanto os bolsonaristas quanto o juiz Sergio Moro buscam conquistar esse voto.
“É bom lembrar aos candidatos que, em uma eleição, muitas vezes o maior adversário é o companheiro de partido”, alerta o professor do Insper. Nesse caso, o grande número de concorrentes buscando atingir o mesmo eleitorado pode resultar em muitas frustrações.