O vereador de Salvador, Alberto Braga (Republicanos), vai tentar voltar para a Câmara de Salvador na eleição de 2024. Em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, ele, que é suplente do vereador Luiz Carlos e ocupou o cargo por cerca de 15 meses, destacou a aprovação de duas leis importantes durante o seu mandato: a obrigatoriedade de abafadores auditivos para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em shopping centers e o uso de câmeras corporais por agentes de segurança nesses locais.
Confira entrevista:
Tribuna – Qual o projeto o sr. destacaria no seu mandato?
Alberto Braga – Agora nos últimos anos foram os abafadores auditivos obrigando shopping centers a disponibilizarem para as pessoas que tem o Transtorno do Espectro Autista. Já é lei, foi aprovado e já sancionado pelo prefeito. E a gente já pode ver pelos shoppings das cidades aí várias crianças e adolescentes, enfim, quem têm o autismo, as pessoas que têm o autismo, devem estar usando os abafadores. Além desse, também obrigando os shopping centers a colocar no serviço de segurança, dos seus agentes de segurança, a câmera, as bodycams, tanto para resguardar as ações dos vigilantes, quanto também para os clientes do shopping. A gente vê, inclusive, que tinham muitos ‘rolezinhos’ – muitas vezes em conflito dentro do shopping center. E a gente vê que depois que a gente fez essa ação, parou drasticamente.
Tribuna – E essa questão do autismo é um tema cada vez mais falado. E a gente vê também um número cada vez maior também de diagnósticos…
Alberto Braga – Sem dúvida, na verdade, uma das qualidades, talvez a maior de todas, do poder do homem público é saber ouvir. E a gente, andando pela nossa cidade, a gente começou a detectar realmente que várias famílias já estavam tendo esse aumento nas crianças, no espectro autista. E aí, ouvindo a população, a gente criou essa lei, que foi sancionada e aprovada pelo prefeito Bruno Reis, e também criamos a Semana da Conscientização do Autismo. Hoje a gente faz na semana, junto com a Secretaria de Educação, de Ação Social e também de Saúde, uma rodada, uma semana de políticas públicas totalmente focadas tanto pro autista, mas também pra sua família. Que muitas vezes, quando tem a notícia, ficam perdidos, sem saber, inclusive, seus direitos. E há muitos anos também já se fala sobre a questão da acessibilidade, do direito e tal. Mas essa discussão é muito mais voltada para a questão do deficiente físico. As pessoas pensam muito mais no deficiente físico quando se fala de acessibilidade.
Tribuna – O senhor acha que ainda falta focar mais o debate sobre as pessoas do espectro autista e também outros portadores de outras neurodivergências?
Alberto Braga – A inclusão está sendo uma pauta de prioridade. A gente tem que procurar políticas públicas, engajar as secretarias responsáveis para que a gente possa estar fazendo a inclusão cada vez mais da população.
Tribuna – Na sua avaliação quais os principais desafios de Salvador hoje assim quanto cidade?
Alberto Braga – Sem dúvida nenhuma, o principal desafio da nossa cidade é a segurança pública. Infelizmente, a gente está vendo aí uma total falência do Governo do Estado no combate às facções criminosas, ao crime organizado – muitos desses aí, inclusive, saindo de outros estados como Goiás e São Paulo, estão vindo parar aqui na Bahia. Não só em Salvador, mas também você vê em várias cidades do nosso estado. Saiu um dado, inclusive, recente, de dez cidades mais violentas. No Brasil, sete são aqui na Bahia. Isso está retraindo toda uma economia. Na vida das pessoas diretamente e também na economia. Você vê que em restaurantes, bares, enfim, muitos não estão podendo passar em determinados horários por conta da violência, pessoas que estão deixando de sair de casa também por conta de crime organizado estar em um bairro e outro. Basta a gente abrir as páginas de jornal, os blogs, a gente vê, infelizmente, o número de pessoas mortas pelo tráfico de drogas. Então, sem dúvida, realmente, esse é o maior desafio da nossa cidade, Salvador.
Tribuna – O senhor acha que esse problema que Salvador enfrenta sobre a violência é fruto da política de segurança do Governo do Estado ou é um problema que também tem a ver com a questão nacional?
Alberto Braga – É fruto dos governos de 17, 18 anos do PT. Você pode ver que é uma coisa muito sintomática. Você, das 10 cidades mais violentas, ter sete aqui, não discuto com o número. Os números comprovam a realidade. Você pega vários estados e cidades que têm homicídio. Aqui, são 20, 30, 40 por final de semana, somente aqui em Salvador. E isso impacta totalmente a economia também, porque as pessoas do setor produtivo terminam se recolhendo em bares e restaurantes aqui, que é uma cidade que tem a vocação do turismo, tem a receita vinculada ao serviço. A cidade termina infelizmente sendo limitada e por conta da falta de segurança pública, que é realmente por falta do preparo e do desgoverno dos 18 anos do PT.
Tribuna – Embora seja atribuição do Governo do Estado, o senhor acha que o Poder Público Municipal pode fazer alguma coisa em prova da segurança pública para, de alguma forma, minorar o problema?
Alberto Braga – Quando o governo municipal cria e coloca o Centro de Convenções, gerando realmente também o turismo de negócios, o turismo econômico, fomentando a vinda de grandes hotéis e todas essas cadeias… O turismo em Salvador está muito pujante. Então, a gente viu que lá no Pelourinho, quando a gente viu a violência passar de todos os limites, o que o prefeito Bruno Reis de imediato fez? Ele agiu e simplesmente colocou um coronel na Prefeitura-Bairro. A gente viu a melhoria, para que a gente possa estar recebendo os turistas da melhor forma possível. A joia da coroa aqui da nossa cidade é o Pelourinho. Salvador é uma cidade, como eu falei, vocacionada ao turismo. Para que a gente tenha a nossa economia pujante, a gente precisa que o Pelourinho esteja realmente em alta.
Tribuna – Na sua avaliação, o que o senhor destacaria de pontos mais positivos na gestão de Bruno, e algum ponto negativo, se o senhor acha que tem algum?
Alberto Braga – Positivo é difícil até de falar, porque é uma gestão exitosa em todas as áreas. Na área da educação, na área da saúde, a gente vê obras também de mobilidade em toda a cidade. A gente vê que Salvador realmente está sendo preparada não só para o presente, mas também para o futuro. Então, é um legado na área de tecnologia, inclusive, agora criando um centro observatório lá no subúrbio, fazendo as infovias, conectando todos os postos de saúde e creches e escolas municipais. Então, está levando uma cidade muito mais digital, muito mais tecnológica. Salvador sempre teve essa característica da informalidade. E Bruno consegue dar esse salto de serviços, prestações de serviços, de atendimento à população, no momento em que ele consegue investir de maneira assertiva na tecnologia e consequentemente na tecnologia de forma transversal, melhorando toda a parte do ambiente, toda a parte da saúde, toda a parte da educação.
Tribuna – Embora ele tenha seguido a linha do prefeito ACM Neto, o senhor acha que ele conseguiu imprimir uma marca própria na gestão municipal?
Alberto Braga – Olha, como você falou, o Bruno vem dando continuidade. Inclusive o ex-prefeito ACM Neto fala isso de maneira muito exitosa e reconhecida. Tanto é que os números têm mostrado que, na população de Salvador, a aprovação dele beira quase 80%. Então, isso aí mostra, Salvador já há quatro anos seguidos está elegendo o melhor prefeito do Brasil. Tem uma marca que ele pode deixar: a marca do trabalho. Tem uma frase, inclusive, que ele fala, que eu também uso bastante, que é ‘nada resiste ao trabalho’. Então, ele, através do trabalho, com comprometimento com nossa cidade, ele consegue deixar essa marca de que é possível Salvador andar com as próprias pernas. Antigamente, a gente sempre ouviu falar que Salvador era a muleta do Governo do Estado e do Governo Federal. Veja que ele governou sem o apoio do governo federal, sem o governo estadual.
Tribuna – Considerando esse amplo favoritismo de Bruno Reis, como é que o senhor avalia a candidatura de Geraldo Júnior, que foi presidente da Câmara, foi aliado de Bruno e contribuiu para a atual gestão e também para a gestão de ACM Neto?
Alberto Braga – Geraldo Júnior errou no timing, porque você quer disputar com o prefeito que está testado e aprovado com o povo querendo a continuidade, com o número de entregas absurdas que ele está tendo, o volume de entregas altíssimo que o prefeito Bruno Reis está tendo? Acredito que o Geraldo Júnior tem essa vontade no coração, mas que realmente o tempo foi totalmente inoportuno. E aí, se for da vontade de Deus, quem sabe que um dia [ele se elege]. Mas agora realmente o que a gente sente nas ruas é que a gente está consolidado o povo comprometido com o prefeito Bruno Reis na questão dos votos. É isso que a gente sente na rua.
Tribuna – E Geraldo tem feito a campanha muito tentando associar a imagem dele à imagem de Lula. O senhor acha que o cenário nacional de alguma forma vai influenciar na eleição municipal?
Alberto Braga – Zero influência. O povo de Salvador está preocupado com a solução dos problemas que eles têm aqui em Salvador. E o prefeito Bruno Reis vem dando conta de atender essas demandas, de atender as demandas do dia-a-dia da população. Então, você pode observar, inclusive, que na eleição passada, o ex-prefeito ACM Neto passou da marca de um milhão de votos. Então, a população de Salvador reconhece todo o trabalho que o ex-prefeito ACM Neto iniciou e que o atual prefeito, Bruno Reis, tem demonstrado através das pesquisas. Então, tudo indica que vai dar um primeiro turno, porque a situação que a gente vê nas ruas e ao caminho dos quatro cantos de Salvador, Subúrbio. Enfim, a gente vê que realmente a sensação é de continuidade a todo esse trabalho que o prefeito Bruno Reis, juntamente com a sua vice, prefeita Ana Paula, vem fazendo pela cidade de Salvador.
Tribuna – No início da entrevista a gente falou um pouco sobre a segurança pública, mas além da segurança pública, como é que o senhor enxerga a gestão de Jerônimo Rodrigues até aqui?
Alberto Braga – Na verdade, a sensação é que o governo não saiu do palanque. A gente vê realmente ele procurando se movimentar. Mas, de fato, a gente não vê as entregas e realmente conseguimos imprimir no trabalho. A gente não vê realmente por questão da segurança pública, que é realmente o maior problema da nossa cidade e, consequentemente, a questão talvez da educação. Aí você também não vê nenhum tipo de melhoria na questão de infraestrutura. Você pode ver o antigo Centro de Convenções abandonado, você começa a ver todas as ações do Governo do Estado de alguma forma, não saindo do papel como a Ponte Salvador e Itaparica, como o VLT do Subúrbio. Então, você vê uma total falta de capacidade administrativa. Essa é a marca que eu acredito que, infelizmente, a Bahia está pagando o preço.
Tribuna – Acha que ACM Neto vai ser o candidato de novo em 2026? Ele vai ter mais chances de ser eleger, considerando a gestão de Jerônimo?
Alberto Braga – A administração é de ruim para a péssima. Como eu falei, ele não consegue tirar os projetos dos papéis. A gente não vê a melhoria sensível em nenhuma das áreas importantes e fundamentais para a gente, como educação, saúde. A regulação, por exemplo, é considerada para toda a população a fila da morte. No Ideb, se não for a última, vai ser a penúltima na educação. Então, de fato, ACM Neto tem todas as condições diante do total fracasso que está havendo, da inoperância, da falta de condição de gestão que o PT está tendo de realmente colocar os grandes projetos estruturantes e relevantes para a nossa cidade e para o nosso estado, se abre realmente uma grande avenida aí. Uma grande expectativa para que o nome de ACM Neto, que foi, como eu falei, testado e aprovado nos oito anos aqui da cidade de Salvador, seja um nome que possa tirar realmente a Bahia desse estado que está e que possa colocar ele no cenário como protagonista. Veja só o governo: o presidente da república é do partido do governador da Bahia e veja a representatividade que ele tem no cenário nacional. Deveríamos estar muito melhor.
Tribuna – Se o senhor no ano que vem receber o convite, aceitaria novamente ocupar um cargo na gestão municipal?
Alberto Braga – O futuro a Deus pertence, né? Então, primeiro, a gente já está com esse grande desafio, eleição de vereador, sem sombra de dúvidas, é a mais difícil de todas. Tive uma experiência exitosa e, para mim, foi muito importante do ponto de vista pessoal e do ponto de vista profissional, onde a gente presidiu a Cogel por mais de três anos e conseguiu, inclusive, criar a Secretaria de Tecnologia para que a gente pudesse realmente ter um plano de diretor de tecnologia de uma cidade inteligente – pensando em Salvador, não só no presente, mas projetando também no futuro.