O C-Suite desta quinzena traz movimentações de executivos em várias áreas, com destaque para o setor financeiro. O Itaú BBA anunciou a chegada de Daniel Erlich, ex-Cargill, para liderar a montagem de uma trading voltada para o agronegócio. Enquanto isso, a Cielo informou que Gustavo Henrique Santos de Sousa é o novo presidente da companhia após a renúncia de Paulo Caffarelli. Até então, o executivo liderava a área de finanças e relações com investidores.
Nesta edição, o C-Suite conversou com Salvador Dahan, novo diretor de governança e conformidade da Petrobras. Com mais de 22 anos de experiência no setor, o executivo é bacharel em direito pelo Mackenzie e pós-graduado em liderança empresarial pelo Insper. Anteriormente, atuou como diretor de riscos da Nissan Motors e como gerente de segurança no Grupo Gerdau.
Leia, a seguir, os planos do executivo na nova posição:
Forbes: Como recuperar a confiança das pessoas, das empresas e das demais instituições após casos como o da Operação Lava Jato, que afetou a credibilidade da Petrobras?
Salvador Dahan: A Petrobras investiu grandemente no fortalecimento do seu sistema de integridade e conseguiu virar uma página da sua história. Estamos em uma fase pós Lava Jato e os avanços nas diversas políticas, estratégias e ferramentas de compliance já são percebidos pelo mercado, autoridades e sociedade. Um exemplo da retomada dessa confiança foi a volta da companhia a ser elegível para o recebimento de investimentos do maior fundo de pensão da Noruega (KLP). Outro mais recente foi o convite para participar de um grupo de trabalho que vai contribuir com a formulação de regras anticorrupção para os Ministérios Públicos de todo o país, incluindo o Ministério Público Federal. O reconhecimento externo sinaliza que estamos no caminho certo. Seguiremos evoluindo na consolidação de uma cultura de integridade, com ações que promovam o diálogo e a transparência com os nossos colaboradores e parceiros de negócio.
Quais os desafios para melhorar a governança das estatais, normalmente enxergadas pela sociedade como estruturas onde os controles não são tão rígidos como na iniciativa privada?
SD: A Petrobras não apenas cumpre a Lei das Estatais e seus elevados padrões de governança, como também aperfeiçoa de forma contínua o seu sistema de governança em aderência às melhores práticas de mercado, fortalecendo os controles internos e a eficiência do processo decisório, fundamentais em um ambiente empresarial competitivo. Outro aspecto é que, por ser uma companhia aberta, com ações negociadas em bolsas de valores no país e no exterior, a companhia deve atender, ainda, a um rigoroso conjunto de critérios e parâmetros, como aqueles definidos por CVM, B3 e NYSE. Soma-se a isso a adesão voluntária da companhia ao Nível 2 da B3, segmento especial de listagem que exige práticas mais rigorosas de governança, o que demonstra o nosso comprometimento com as boas práticas de mercado.
O que você espera dos primeiros seis meses como diretor de governança e conformidade da Petrobras? Quais são as suas principais metas nesse intervalo de tempo?
SD: Neste momento darei continuidade aos projetos e às ações em curso na companhia voltadas ao fortalecimento da cultura de integridade. Essas são medidas importantes para ancorar essa visão e comportamento não só na Petrobras, mas também em todos aqueles com quem nos relacionamos. Entendo que um sistema de integridade eficaz contribui para a proteção da atividade econômica, que é um valor social, mitigando riscos de desvios.
E no longo prazo, o que você espera conquistar à frente da área na petroleira?
Garantir um sistema de integridade robusto para a Petrobras e para a sociedade como um todo. E isso será conduzido a partir da plena execução e aprimoramento do programa de integridade e das boas práticas de governança da empresa. Tais medidas alcançam não só a proteção de colaboradores e investidores como, por via reflexa, a sociedade. Um ambiente empresarial íntegro permite confiabilidade e atrai investimentos, contribuindo para o desenvolvimento social como um todo. Também queremos ir além do reconhecimento já alcançado e fazer com que o sistema de integridade da Petrobras tenha ainda mais destaque em nível mundial, com transparência e fortalecimento da confiança dos nossos públicos de interesse.