Com uma expansão fiscal considerada “colossal”, o economista diz que não é de se estranhar que haja de fato alguma manutenção da atividade durante a pandemia. O consenso, diz, ainda é de uma queda do PIB em torno de 6%, “uma enorme recessão apesar da expansão fiscal, que foi a maior da nossa História e que vai deixar sequelas”.
Segundo ele, se há algum dinheiro na mão das pessoas e elas de fato estão gastando, um estímulo importante que ainda precisará ser observado é o do investimento, que “está muito amarrado”.
“Minha experiência com crise é que nunca sabemos quando é o fundo do poço. É cedo para saber o veredicto final”, disse Arminio, destacando que sua preocupação vai além da economia.
Ele citou, por exemplo, questões ambientais envolvendo a Amazônia e que afirma a ideia de “armar a população incomoda”. Quanto às soluções para que o país deixe a crise, afirma que o caminho terá de ser a via política: “A alavanca maior do crescimento vai ter que nascer a partir da política. Precisamos de democracia mais calma”, afirmou o economista, destacando que há uma crise civilizatória e política, “com os Poderes se degladiando”.
Distribuição de renda
Para Arminio, mecanismos de distribuição de renda devem ser mais diretos “porque o canal já existe e pode ser aproveitado, ajuda a focalizar”.
“Há também uma preferência no que diz respeito às crianças, que a meu ver merecem ser protegidas, mas eu não faria só para crianças. Isso deve ser feito sem perder de vista os desafios das contas públicas. O país está muito fragilizado do ponto de vista fiscal, é preciso mais cuidado”
Arminio disse ainda que a reforma do Estado precisa acontecer ‘ontem’, para que o Estado possa investir mais. “Tenho insistido em resolver questões grandes’, afirmou ele, citando o tamanho do Estado, gastos com Previdência e funcionalismo público e outros temas relacionados aos ambiente de negócios. “Quando começa a atacar essas questões, economia destrava, mas isso não está acontecendo”.
Segundo o economista, é preciso equilibrar controle macroeconômico, solidariedade e produtividade. “Essas receitas, a meu ver, são compatíveis”, afirmou, ressaltando que há uma polarização política “muito complicada” no mundo.
“As coisas funcionam melhor quando estão mais próximas do centro. Acho que categorias de esquerda e direita não são tão óbvias”, disse, acrescentando que governos de esquerda “fizeram muita barbaridade na desigualdade”.