O Brasil é chamado de “ terra abençoada” por não ter eventos da magnitude de um furacão. Tamanha proteção também tem explicações científicas e não apenas divinas. A costa brasileira não reúne condições ideais para a formação desse tipo de evento climático. A começar pela temperatura do Oceano Atlântico que chega ao máximo a 26°C. As águas precisam ser mais quentes, acima dos 27 °C, e coincidir com ventos, vapor de água e mudanças de pressão. Em geral, a pressão precisa ser mais baixa e a temperatura mais alta do que nas regiões vizinhas para que um furacão se forme.
O Furacão Catarina
Há 20 anos, houve o registro de um furacão no Brasil, que atingiu o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Batizado Catarina, provocou a morte de 11 pessoas e a decretação de estado de emergência de 14 municípios. Destruiu 1500 casas. Foi o único da história do país. “Em geral, o que temos na costa brasileira são ciclones extratropicais e subtropicais”, diz Karina Lima, climatologista. O Catarina começou como um ciclone extratropical, a 1000 quilômetros da costa, e aos poucos adquiriu o formato circular no seu centro com a forma de um olho bem definido, atingindo o estado gaúcho e catarinense com uma velocidade de 150 km/horas.
Condições na Flórida
“Já a Flórida e o resto do Golfo do México sofrem com ciclones tropicais e furacões todos os anos”, diz Andrew J. Kruczkiewicz, do Centro Nacional de Preparação para Desastres, da Faculdade do Clima da Universidade de Columbia. O Golfo do México é especialmente raso, o que facilita o aquecimento das águas. Já a costa da Flórida é impactada pelas ondas tropicais que se originam na África Ocidental e se propagam pelo Oceano Atlântico. Ali também possui condições para a deformação do vento, chamado de cisalhamento, que contribuem para um ciclone evoluir para furacão como o Milton, que se aproxima da região. Estima-se que ele chegue na Flórida com uma velocidade de 250 km/h, uma força capaz de arrancar as paredes das casas de Tampa, cidade que foi praticamente evacuada.