A bandeira do Kekistan usada por manifestantes neste último domingo (14) em São Paulo foi criada a partir de uma espécie de religião satírica originada no universo de videogames e que acabou sendo apropriada por nacionalistas brancos nos EUA.
Kek, no ideário da extrema direita, é a divindade de uma “religião” cuja origem e ideias derivam do universo de videogames, particularmente dos fóruns e discussões dedicados a jogos online como World of Warcraft.
Em alguns momento, descobriu-se que Kek era também o nome de um deus egípcio andrógino que poderia assumir a forma de homem ou mulher.
Kek era representado, na forma de mulher, com uma cabeça de sapo ou gato. Quando representado como homem, durante o período greco-romano, era reproduzido como tendo cabeça de sapo.
O “deus” era responsável pelo caos e pela escuridão, o que se adequava perfeitamente à autoimagem da extrema direita como dedicada a destruir a ordem mundial existente.
Os devotos de Kek criaram uma mitologia cultural em torno da ideia, com um reino chamado Kekistan que era, com o tempo, subjugado por adversários. A bandeira do Kekistan era representada por 4 Ks em torno de uma letra E, em uma mistura de verde e preto. É uma imitação da bandeira nazista alemã, com a logo de Kek substituindo a suástica.
O significado obscuro e pouco compreensível de Kek a pessoas comuns -chamadas de “normies” pelos integrantes da “religião” – é uma forma de indicar aos participantes de conversas online que todos compartilham os princípios centrais ao pensamento da extrema direita americana.
O personagem criado fica numa área pouco delineada entre sátira, ironia, deboche e ideologia séria. Kek, ao mesmo tempo em que pode ser uma grande piada contra liberais, emerge como uma autoimagem da extrema direita como um agente do caos na sociedade moderna.
Em protestos de supremacistas brancos nos EUA, manifestantes apareceram empunhando a bandeira do imaginário Kekistan.
Para os seguidores de Kek, o presidente americano, Donald Trump, deveria à divindade seu sucesso.