O governo russo afirmou ter identificado e detido os “organizadores e cúmplices” no ataque à ponte de Kerch, que liga a Crimeia à Rússia. Uma explosão destruiu parcialmente a via no último sábado (8), que é essencial para o transporte de abastecimento e de tropas russas na invasão da Ucrânia. Três pessoas morreram na ação que analistas internacionais acreditam ter sido, na prática e simbolicamente, um golpe nas ambições do presidente russo, Vladimir Putin.
“No momento, como parte do caso criminal, cinco cidadãos da Rússia e três da Ucrânia e da Armênia, que participaram da preparação do crime, foram detidos”, diz o Serviço Federal de Segurança da Rússia. Em um texto publicado em seu site, o órgão diz que o “ataque terrorista” teve como organizador o diretor de Inteligência do Ministério da Defesa da Ucrânia, Kirill Budanov.
No documento, os russos dão todos os detalhes do dispositivo explosivo usado, “camuflado em rolos com filme de polietileno de construção em 22 paletes com um peso total de 22.770 kg” e o caminho feito desde agosto deste ano. Também fornece nomes.
“O controle sobre a movimentação de cargas ao longo de toda a rota e contatos com os participantes do esquema de transporte criminoso foram realizados por um funcionário do Ministério da Defesa da Ucrânia, passando-se por ‘Ivan Ivanovich’, que usou para coordenação tanto um número virtual anônimo comprado na internet quanto um morador de Kremenchuk, Sergey Vladimirovich, nascido em 1988, registrado em nome de um cidadão da Ucrânia”, detalha o texto.
O governo russo afirma que a investigação está em andamento. “Todos os seus organizadores e cúmplices, incluindo cidadãos estrangeiros, serão responsabilizados de acordo com a lei russa”, promete a agência.
Segundo o site Aljazeera, o porta-voz do Ministério do Interior da Ucrânia, Andriy Yusov, chamou a investigação de “absurdo”. Yusov descreveu o Serviço Federal de Segurança da Rússia e o Comitê de Investigação como “estruturas falsas que servem ao regime de Putin. Então, definitivamente, não comentaremos suas próximas declarações”.