O porta-voz do ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, anunciou em comunicado nesta terça-feira (15) segundo a Reuters, que o governo decidiu retirar algumas tropas militares da fronteira com a Ucrânia. Em entrevista à agência Interfax, afirmou que diversas unidades já “completaram suas missões” de realizar treinamentos militares planejados na região.
— Unidades dos distritos militares do sul e oeste que completaram suas missões já começaram a embarcar no transporte ferroviário e automobilístico e começarão a se mudar para suas guarnições hoje. Unidades separadas marcharão a pé como parte do comboio militar — disse Konashenkov.
Nesta segunda-feira, duas reuniões do presidente Vladimir Putin, que tiveram trechos exibidos pela televisão da Rússia, indicaram um recuo no cerco militar à Ucrânia que teve a participação de cerca de 130 mil soldados, o que levou os países ocidentais a alertarem para uma invasão iminente do país. Não está claro quantas tropas serão removidas. Algumas missões ainda estão em andamento e serão mantidas.
— As Forças Armadas russas continuam uma série de exercícios em larga escala para treinamento operacional de tropas. Praticamente todos os distritos militares, frotas e tropas aerotransportadas estão participando — informou Konashenkov
O anúncio levou outros representantes do governo a acusarem o Ocidente de “histeria” por sugerir que uma guerra teria início na região. Foi o caso de Maria Zakharova, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. No Facebook, ela publicou: “15 de fevereiro de 2022 entrará para a história como o dia em que a propaganda de guerra ocidental falhou. Eles foram desonrados e destruídos sem que um único tiro fosse disparado”.
Sinais de recuo
Nesta segunda-feira, em uma conversa com Putin transmitida pela televisão e aparentemente roteirizada, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, anunciou que parte das manobras militares realizadas por seu país com a Bielorrússia estavam sendo encerradas.
— Os exercícios militares aconteceram, parte deles está terminando. Outros vão continuar dada a magnitude desses exercícios que foram planejados e que começaram no início de dezembro — disse Shoigu.
Pouco antes, em outra conversa exibida na TV, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse apoiar a continuidade das negociações diplomáticas com o Ocidente sobre as “garantias de segurança” que a Rússia vem exigindo dos Estados Unidos e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Putin foi mostrado perguntando a Lavrov se havia uma chance de chegar a um acordo para resolver as preocupações de segurança da Rússia ou se apenas aconteciam negociações infrutíferas, sem possibilidades reais de avanços.
— Já alertamos mais de uma vez que não permitiremos negociações intermináveis sobre questões que exigem uma solução hoje — respondeu Lavrov, antes de acrescentar. — Devo dizer que sempre há chances. Parece-me que nossas possibilidades estão longe de estarem esgotadas… Nesta fase, sugiro continuar e intensificá-las.