Defensor ferrenho de Putin e do conflito na Ucrânia, Zakhar Prilepin fica ferido após explosão em seu carro, que matou motorista. Autoridades russas dizem que suspeito pelo “ato terrorista” agiu a mando de Kiev.O escritor nacionalista russo Zakhar Prilepin, defensor ferrenho do presidente Vladimir Putin e da guerra travada por Moscou contra a Ucrânia, ficou ferido neste sábado (6) após uma explosão em seu carro, que matou o motorista do veículo.
Autoridades russas imediatamente culparam a Ucrânia e o Ocidente pelo atentado à bomba, que tratam como um ato de terrorismo.
O Comitê de Investigação russo informou que o automóvel de modelo Audi Q7 do escritor foi alvo de uma explosão em uma vila na região de Nijni Novgorod, localizada cerca de 400 quilômetros a leste de Moscou. Prilepin foi então levado a um hospital com ferimentos.
O órgão divulgou uma foto que mostra o veículo branco tombado em uma pista próxima à mata, com uma cratera profunda ao lado dele e fragmentos de metal espalhados pela área.
Mais tarde, o comitê emitiu uma declaração dizendo que os investigadores estavam interrogando um homem suspeito de ser o autor do atentado, e que ele teria dito que agiu a pedido da Ucrânia.
“O suspeito foi detido e, ao longo do interrogatório, ele prestou depoimento de que agiu de acordo com as instruções dos serviços especiais ucranianos”, diz o comunicado russo, que foi lido por uma mulher de uniforme. A declaração afirma ainda que o homem admitiu ter detonado a bomba remotamente e fugido, mas acabou sendo detido.
A agência de notícias estatal russa TASS citou fontes de segurança que disseram que o suspeito é um “nativo da Ucrânia” que já fora condenado por roubo com violência.
Defensor ferrenho da guerra
Pouco se sabe sobre o estado de saúde de Prilepin. Segundo a agência de notícias Interfax, uma fonte dos serviços de emergências teria dito que a condição do escritor era séria e que ele seria operado.
Em seu canal no YouTube e a seus mais de 300 mil seguidores no Telegram, Prilepin frequentemente defende a guerra da Rússia contra a Ucrânia, que Moscou chama de “operação militar especial”, e se vangloria de ter participado de combates militares no país vizinho.
O escritor é a terceira figura pró-guerra proeminente a ser alvo de um ataque à bomba desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Moscou culpa Kiev pelas mortes da jornalista Darya Dugina e do blogueiro de guerra Vladlen Tatarsky nos dois atentados anterores, enquanto o governo ucraniano nega qualquer envolvimento.
Moscou culpa também os EUA
Neste sábado, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que os Estados Unidos também são culpados pela explosão que feriu o escritor e matou seu motorista.
“A responsabilidade por este ato terrorista, e por outros, não é apenas da Ucrânia, mas também de seus mentores ocidentais, principalmente os Estados Unidos”, afirmou a pasta, reforçando a narrativa russa de que Washington e seus aliados ocidentais são os verdadeiros mentores por trás das ações ucranianas no conflito.
Segundo o ministério russo, “a falta de condenação por parte de Washington após mais um ato terrorista […] é autorreveladora”. “O silêncio das organizações internacionais relevantes é inaceitável”, completou.
A porta-voz do ministério, Maria Zakharova, também culpou o Ocidente e a Ucrânia pelo ato. “O fato se tornou realidade: Washington e Otan alimentam outra célula terrorista – o regime de Kiev”, escreveu ela no Telegram.
Segundo a porta-voz, a explosão deste sábado é “responsabilidade direta dos Estados Unidos e do Reino Unido”, embora não tenha fornecido qualquer evidência para apoiar a acusação.
Suposto ataque contra o Kremlin
Foi a segunda vez nesta semana que a Rússia acusa a Ucrânia de realizar ataques em nome do Ocidente, algo que Kiev e Washington rejeitam veementemente.
Na quarta-feira, Moscou acusou a Ucrânia e os EUA de tentarem matar o presidente Putin em um ataque noturno de drones contra o Kremlin, que teria sido frustrado pelas forças russas. Os governos ucraniano e americano também negaram envolvimento.
No mesmo dia, analistas dos EUA afirmaram que o suposto ataque foi provavelmente encenado pela própria Rússia, como ato de propaganda a fim de mobilizar a população a favor da guerra.
A conclusão foi do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW, na sigla em inglês), um think tank apartidário com sede em Washington, após analisar as circunstâncias do incidente.
Segundo o grupo de analistas, “vários indicadores sugerem que o ataque foi conduzido internamente e propositalmente encenado”. “A Rússia provavelmente encenou esse ataque em uma tentativa de trazer a guerra para o público doméstico russo e estabelecer condições para uma mobilização social mais ampla”, escreveu o instituto.