quinta-feira 21 de novembro de 2024
Marina Silva ingressou no governo Lula, o que contraria a ex-senadora. Em 2022, Heloísa apoiou Ciro e descartou votar no PT, seu antigo partido — Foto: Foto: Reprodução
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segunda-feira 12 de agosto de 2024 às 13:00h

Rompidas, Marina Silva e Heloísa Helena alternam agendas para evitar ‘desconfortos’ em eventos da Rede

ELEIÇÕES 2024, NOTÍCIAS


O desgaste entre a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a ex-senadora Heloísa Helena, principais expoentes da Rede Sustentabilidade, ganhou novos capítulos com a proximidade das eleições municipais. Integrantes de alas opostas dentro do partido, as duas vêm alternando agendas da sigla de modo a não se cruzar no contexto da campanha.

No período das convenções partidárias, encerrado na semana passada, elas não dividiram palanques. No dia 4 de agosto, por exemplo, Marina esteve em Belo Horizonte para participar da oficialização da candidatura à prefeitura do deputado federal Rogério Correia (PT) — sem a presença de Heloísa. Dias antes, a ex-parlamentar bateu ponto no evento que formalizou a postulação de Tarcísio Motta (PSOL) à prefeitura do Rio. A ministra, por sua vez, só participou à distância, virtualmente.

Apoiadora declarada de Tarcísio, Marina viajou à capital fluminense em maio para dar suas bençãos ao deputado federal do PSOL, ocasião em que a ex-senadora não esteve presente. Segundo interlocutores próximos à ministra, Heloísa foi convidada e escolheu não comparecer.

As agendas separadas ocorrem desde o início do ano, ainda na pré-campanha, de forma intercalada. Como nomes de mais peso da Rede, as duas, usualmente, são convidadas a todos os eventos, mas escolhem a quais comparecer. Articuladores das ambas as políticas ouvidos pelo GLOBO apontam que o arranjo é proposital, com o intuito de evitar “possíveis desconfortos”.

Nos bastidores, cada uma trabalha para eleger seus preferidos em outubro, declarando apoios a seus aliados. Entre os candidatos da Rede, Marina não divulgou publicamente seu endosso à postulação da própria Heloísa, que concorre à Câmara do Rio.

A ministra nega ainda em entrevista ao O Globo, qualquer racha eleitoral com a ex-senadora e diz apoiar todas as candidaturas do partido:

— Inclusive, em plenária realizada no Rio em maio, tratei sobre a importância das candidaturas da ex-senadora Heloísa Helena e do professor Douglas. Estou à disposição de todas as candidaturas da Rede em todo os municípios do país — assegurou.

Procurada, Heloísa Helena não retornou aos contatos. Já o porta-voz da Rede, Wesley Diógenes, aliado da ex-senadora, afirmou, por nota, que o apoio de Marina é “motivo de satisfação, somando esforços na construção de um futuro melhor para o povo do Rio” — veja a íntegra da nota ao fim da matéria.

Rusga remete a 2022

Rompidas desde 2022, Heloísa Helena e Marina Silva simbolizam a divisão no diretório nacional da Rede. As divergências têm origem em visões diferentes sobre a base teórica da sigla. Enquanto a ministra se declara “sustentabilista”, a ex-senadora defende o “ecossocialismo”, que associa a preservação do meio ambiente à mudança do sistema econômico.

Heloísa também discorda da postura de Marina em relação ao governo federal, do qual escolheu fazer parte como ministra. A ex-parlamentar nutre uma relação fria com o PT desde quando foi expulsa do partido em 2003, após se posicionar contra a reforma da Previdência proposta no primeiro mandato de Lula.

Em 2022, Heloísa endossou a postulação à Presidência do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT). “Não há força humana que me obrigue a apoiar Lula”, disse ela à época, em entrevista ao portal UOL.

Visões divergentes

  • Ideologia partidária: Marina se diz “sustentabilista”, enquanto Heloísa Helena defende o ”ecossocialismo”, que associa a preservação do meio ambiente à mudança do sistema econômico.
  • Eleições de 2022: No última corrida ao Palácio do Planalto, Marina reatou com Lula e o apoiou para presidente, enquanto Heloísa fez campanha para Ciro Gomes (PDT). Aceitar o convite para o Ministério do Meio Ambiente estremeceu a relação das duas.
  • Trajetórias políticas: Heloísa foi expulsa do PT em 2003 por se posicionar contra a reforma da Previdência de Lula. Ela fundou o PSOL e disputou o Planalto em 2006. Já Marina permaneceu no partido até 2009 e apoiou a reeleição de Lula contra a ex-colega de bancada no Senado.
  • Aliados diferentes: Na Rede, Heloísa é cercada por dirigentes como Wesley Diógenes. Já a ala de Marina é composta por figuras como o único deputado federal da sigla, Túlio Gadelha.

Veja a íntegra da nota enviada pelo porta-voz da Rede

“A Rede Sustentabilidade trabalha a candidatura da Porta-Voz Nacional Heloísa Helena como estratégica e de grande importância para o partido, não apenas no Rio de Janeiro mas também no cenário político nacional.

Por toda a sua bagagem política e trajetória de luta, Heloísa é uma candidatura prioritária para a REDE, não apenas no fortalecimento da nominata de Vereadores em capital de enorme importância, como o Rio de Janeiro, mas também para amplitude dos princípios e valores defendidos por nosso partido.

Entendemos que a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro precisa passar por significativas mudanças, para que o Rio, de tanta beleza e alegria, orgulhe também pela representatividade política. O projeto de candidatura construído por Heloísa Helena para o Rio caminha nesse sentido.

O apoio da Ministra Marina Silva á candidatura de Heloísa Helena é motivo de satisfação, somando esforços na construção de um futuro melhor para o povo do Rio de Janeiro.

Nota do porta-voz da Rede, Wesley Diógenes”

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