O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), decidiu abrir seu palanque para o presidenciável da União Brasil, Luciano Bivar, em busca de garantir uma coligação com a sigla. Rodrigo já tem uma aliança com o MDB, de Simone Tebet.
Os dois partidos brigam ainda pela posição de vice na chapa de Rodrigo, com os indicados Henrique Meirelles (União Brasil) e Edson Aparecido (MDB). Milton Leite (União Brasil) é outro nome lembrado, sobretudo para o Senado.
A vaga para o Senado, aliás, também é disputada, mas, nesse caso, além dos dois partidos, PSDB e Podemos querem espaço. A preferência, no entanto, não é para candidatos tucanos, e sim para a coligação.
Aliados de Rodrigo afirmam que o governador deve decidir sobre a formação da chapa mais adiante e argumentam que a aproximação com Bivar tem o benefício de atrair o tempo de TV e o fundo eleitoral da União Brasil, partido que lidera nesses recursos, apesar de o PSDB ter decidido apoiar Tebet nacionalmente.
No programa Roda Viva, da TV Cultura, na segunda-feira (4), Rodrigo afirmou que a aliança nacional PSDB-MDB não vincula suas alianças no estado e abriu espaço para Bivar, apesar de garantir que Tebet terá palanque.
“Eu estou com disposição total de participar das ações da campanha do Luciano Bivar. […] Terá meu apoio.”
Questionado sobre a divisão entre Bivar e Tebet, respondeu: “Nós vamos encontrar na política um caminho seguro para que essas forças da terceira via tenham na minha candidatura um espaço de diálogo e de exposição das suas ideias em São Paulo”.
Tucanos de São Paulo dizem que o governador não se vê obrigado a fazer campanha para Tebet e, portanto, pode dividir seu palanque. Argumentam ainda que isso serve à estratégia de atrair eleitores de Tebet, Bivar, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Rodrigo tem buscado se contrapor à polarização nacional em São Paulo, e não estar associado a nenhum candidato a presidente em específico ajuda sua imagem de independência, de acordo com aliados.
Há ainda o fato de que Tebet é vista como algoz de João Doria (PSDB), já que o ex-governador, aliado de Rodrigo, retirou sua candidatura ao Planalto cedendo à pressão da direção tucana para apoiar a emedebista.
Na leitura dos tucanos, como nem Tebet nem Bivar demonstram ter chances nas pesquisas, transitar entre um e outro tampouco traria prejuízo eleitoral ou despertaria fúria de partidos aliados e eleitores contra Rodrigo.
Na última pesquisa Datafolha, divulgada em junho, Tebet teve 1% e Bivar não pontuou. Lula lidera com 47%, e Bolsonaro marca 28%.
Em São Paulo, também segundo o Datafolha, Fernando Haddad (PT) está à frente com 34%. Rodrigo está empatado com o candidato de Bolsonaro, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 13%. O governador e o bolsonarista estão engajados em uma campanha paralela pela segunda vaga no segundo turno.
Parlamentares do PSDB mais próximos a Tebet, no entanto, criticam o espaço dado por Rodrigo a Bivar —um nome desconhecido. A campanha da emedebista, argumentam, tem mais densidade, expectativa e deve ter o senador Tasso Jereissati (PSDB) como vice.
Nos bastidores, há a expectativa entre tucanos de que Bivar desista de concorrer ao Palácio do Planalto, economizando verba para as candidaturas estaduais e proporcionais.
Como mostrou o Painel, Bivar e Rodrigo estarão juntos em evento da União Brasil na capital paulista, no sábado (9). Eles participarão de um ato de filiação e pré-convenção nacional, junto com parlamentares e pré-candidatos.
A ideia é fazer uma demonstração pública da aliança entre Rodrigo e a União Brasil depois de o próprio Bivar ter exposto uma crise na relação. O presidente da União chegou a afirmar que não apoiaria o tucano, já que o PSDB optou por Tebet, e não por ele. Bivar admitiu abrir conversas com Haddad e Tarcísio.
Em São Paulo, o partido se dividiu entre aqueles próximos a Bivar e aqueles próximos a Rodrigo, originários do DEM, que sempre defenderam a coligação com o governador e que dominam o diretório estadual da legenda.
Mesmo com o entendimento entre Bivar e Rodrigo, membros da União Brasil pontuam que o governador terá que fazer mais do que abrir seu palanque para garantir a coligação. Eles cobram uma declaração formal de apoio exclusiva do PSDB-SP a Bivar, afastando o MDB.
O partido pleiteia ainda a vaga de vice com Meirelles ou com outros nomes como Rosângela Moro ou Marcos Cintra.
Entre interlocutores de Rodrigo, porém, há quem diga que a vice já está prometida para o MDB, que deve indicar o ex-secretário municipal de Saúde Edson Aparecido. Outros afirmam que não há acordo, apenas uma vontade de emedebistas nesse sentido.
Tucanos afirmam que a chapa está em aberto e se dividem em críticas a Meirelles ou a Aparecido, argumentando que um ou outro pouco acrescentam à candidatura. Outra opção aventada é lançar uma mulher de fora da política como vice.
Auxiliares de Rodrigo lembram que tanto o MDB como a União Brasil já são contemplados com secretarias na sua gestão.
A vaga para o Senado poderia ser preenchida por MDB ou União —aquele que perdesse a vice—, mas também há tucanos na briga, como José Aníbal e Fernando Alfredo. O Podemos, que deve apoiar Rodrigo, quer lançar Heni Ozi Cukier.