Os detalhes da tentativa de uma trama supostamente golpista para reverter o resultado da eleição de 2022, agora revelados nos depoimentos de dois comandantes militares, repercutiram segundo Caiã Messina, da Band, no mundo político.
“O Bolsonaro, eu não queria falar o nome dele, mas é negação, até hoje não reconhece a derrota dele. Até hoje não reconhece a derrota. Outro dia ele fala ‘não sei como perdi’. Não sabe como perdeu porque ele gastou quase R$ 300 bilhões e achava que não ia perder, e perdeu. O que corre risco no mundo é a democracia, e corre risco pelo fascismo, pelo nazismo pela extrema direita raivosa, ignorante, bruta, que ofende as pessoas, que não acredita nas pessoas”, disse.
O ex-presidente Jair Bolsonaro não mencionou diretamente as denúncias. Mas publicou pela internet um vídeo em que ele aparece em Saquarema, na região dos Lagos do Rio de Janeiro, cercado por militantes.
O advogado dele, o ex-secretário de comunicação Fábio Wajngarten, ironizou: “Tem general com memória seletiva. Se recorda de vírgulas, frases e palavras, mas não de datas”.
Ele se refere a um trecho do depoimento do comandante do Exército em que Freire Gomes diz que não se lembra do dia exato da reunião com o ex-presidente em que a minuta do golpe foi apresentada.
Em conversas reservadas, a cúpula do Ministério da Defesa, que reúne Exército, Marinha e Aeronáutica, ressaltou que os depoimentos provam “o apreço das Forças Armadas pela democracia”.
No Planalto, ministros comentaram que as falas à Polícia Federal são “bombásticas” e que aumentam as chances de Bolsonaro ser preso.
Apoiadores do ex-presidente, por outro lado, defendem que tudo não passa de “perseguição política”.
Os ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica também citaram o então ministro da justiça, Anderson Torres. Segundo eles, torres teria explicado a Bolsonaro aspectos jurídicos que poderiam dar suporte às medidas de exceção.
No caso, decretação de estado de defesa e garantia da lei e da ordem, que colocariam as forças armadas na rua para reverter o resultado da eleição, vencida por Lula.
A PF afirma ainda de acordo com Caiã Messina, da Band, que Torres e o assessor para assuntos internacionais do ex-presidente, Filipe Martins, teriam escrito as minutas golpistas. Ao serem interrogados, Filipe Martins e Anderson Torres negaram.
O presidente do PL, partido de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto, disse à Polícia Federal que ao contrário do ex-presidente, sempre confiou na urna eletrônica e só entrou com uma ação questionando o sistema eleitoral “por insistência” de aliados do ex-presidente. E que “triturou” documentos, segundo ele, apócrifos, que mencionavam a possibilidade de golpe de estado.