O retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro ao Brasil completa um mês neste domingo. Desde então, ele já prestou dois depoimentos à Polícia Federal, assumiu o cargo de presidente de honra do Partido Liberal e tem atuado nos bastidores para a escalação dos parlamentares que vão compor o bloco da oposição na CPMI dos Ataques Golpistas. Ele é visto frequentemente na porta do colégio militar para buscar a filha e chegou a atuar o como “garoto propaganda” dos produtos da linha de cuidados com a pele da mulher, Michelle Bolsonaro.
Os dois depoimentos prestados por Bolsonaro à PF desde o seu retorno foram determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas em investigações diferentes. No último, o ex-presidente respondeu sobre os atos antidemocráticos do dia 8 de janeiro, quando seus apoiadores depredaram os prédios do Três Poderes, em Brasília. Ele afirmou que uma de suas postagens contestado o sistema eleitoral no dia 10 de janeiro, dois dias após aos ataques, foi feita sem querer e sob efeito de remédio.
Na primeira vez que compareceu à PF, Bolsonaro prestou depoimento sobre o caso das joias, que veio à tona após ser noticiado que um estojo com itens avaliados em R$ 16,5 milhões, dados ao ex-presidente pelo governo da Arábia Saudita, havia sido apreendido pela Receita Federal durante seu mandato. Na oitiva, Bolsonaro disse que mandou o seu ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, esclarecer o que poderia ser feito com as joias retidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo e afirmou ainda que a sua intenção era evitar um vexame diplomático de o presente dado por outra nação ser levado a leilão.
No Brasil, o ex-presidente também assumiu o posto de presidente de honra do PL. Na função, Bolsonaro tem atuado nos bastidores para fazer valer seus interesses na composição da CPMI para investigar a autoria dos ataques golpistas. Uma de suas indicações é o filho e deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Desde o retorno, Bolsonaro participou também de videochamadas ao lado de políticos. Em ligação com a deputada federal Amália Barros (PL-MT) e o deputado estadual Gilberto Cattani (PL), no dia 21 de abril, que participavam de uma confraternização do Movimento Conservador na cidade de Lucas do Rio Verde, no interior do Mato Grosso, Bolsonaro afirmou que a oposição política a ele deseja ver seu nome “esquecido”.
— Tentam que eu seja esquecido por parte da política brasileira. Temos muita esperança que o Brasil brevemente voltará ao seu eixo normal com o expurgo daquelas pessoas que nunca nada fizeram pela nossa pátria — afirmou Bolsonaro.
No mesmo dia, o ex-assessor Max Guilherme divulgou registros do ex-presidente tomando água de coco no Parque da Cidade, em Brasília. No local, Bolsonaro falou com apoiadores e posou para fotos.
Dia a dia
Além dos compromissos políticos, Bolsonaro também tem compartilhado em suas redes sociais momentos em família. Na última semana, ele participou de uma propaganda no Instagram da linha de cuidados com a pele da mulher, Michelle Bolsonaro. No vídeo, com trilha sonora da Pantera Cor de Rosa, Michelle passa um produto no rosto de um sorridente Bolsonaro.
O ex-presidente também tem sido presença constante na porta do Colégio Militar, Brasília, para buscar a filha mais nova, Laura, depois da aula. Ele também ganhou um café da manhã de boas-vindas de seus vizinhos do Condomínio Solar de Brasília, onde passou a morar após voltar dos EUA. Registros compartilhados por Michelle mostram um leite condensado personalizado com os dizeres “nosso eterno presidente desde 2019”.
Primeiro evento
Desde que voltou, no entanto, Bolsonaro ainda não participou de nenhum evento público. No entanto, isso deve mudar ainda neste feriado, já que o ex-presidente é esperado na abertura da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação, o Agrishow, em Ribeirão Preto (SP). Bolsonaristas preparam uma recepção para o político neste domingo, data em que ele chegará na cidade e um dia antes da abertura oficial do evento, e também convocaram uma motociata.
Retorno
Assim que desembarcou no aeroporto de Brasília no dia 30 de março, o ex-presidente Jair Bolsonaro seguiu para uma recepção organizada pelo PL na sede do partido. Em uma rápida fala aos parlamentares presentes, Bolsonaro afirmou que estava com “orgulho” do Congresso Nacional formado nas últimas eleições. Sem citar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele disse ainda que “esse pessoal que por ora está no poder não vai fazer o que bem quer” com o país.