Chefe da Organização Mundial da Saúde afirma que problema pode causar retrocesso de um século no progresso médico; ele defendeu uma resposta global forte, acelerada e bem coordenada; Reunião de Alto Nível poderá aprovar declaração política sobre o tema; impacto sanitário da crise climática também será priorizado.
A resistência antimicrobiana ameaça um século de progresso médico e poderá levar o mundo de volta à era pré-antibiótica. O alerta foi feito nesta quinta-feira pelo diretor geral da Organização Mundial da Saúde, OMS.
Tedros Ghebreyesus afirmou que se não forem tomadas medidas agora, as infecções que hoje são tratáveis podem voltar a representar uma “sentença de morte”.
2ª Reunião de Alto Nível
Segundo ele, esta é uma ameaça para todos os países, em todos os níveis de rendimento, e é por isso que é “urgentemente necessária uma resposta global forte, acelerada e bem coordenada”.
O apelo foi feito em antecipação à segunda Reunião de Alto Nível sobre Resistência Antimicrobiana que será realizada em 26 de setembro na sede da ONU em Nova Iorque. Este será o principal evento oficial centrado na saúde durante a semana de alto nível da Assembleia Geral da ONU.
A reunião culminará em uma declaração política, que caso aprovada, estabelecerá medidas decisivas para impedir que o problema cause ainda mais sofrimento global.
A resistência antimicrobiana, ou RAM, ocorre quando bactérias, vírus, fungos e parasitas se tornam mais fortes que os medicamentos. Isso aumenta a propagação de infecções difíceis de tratar, causando aumento de mortes.
As negociações intergovernamentais para a declaração foram co-facilitadas por Malta e Barbados. A primeira reunião de alto nível da ONU sobre a RAM aconteceu em 2016.
Financiamento da saúde global
De acordo com a OMS, apesar de avanços significativos, o progresso rumo às metas globais de saúde continua fora do caminho. Os obstáculos são exacerbados pelas crises humanitárias, sociais e climáticas em curso.
A agência alerta que milhões de pessoas ainda não têm acesso a serviços de saúde vitais. Por isso, Tedros e outros representantes da OMS pretendem reforçar durante a Assembleia Geral a importância de investir na saúde global.
Para o diretor da agência, uma OMS robusta e totalmente financiada é essencial para trabalhar com os países na promoção da saúde para todos.
Mudança do clima e crise sanitária
Os especialistas da OMS também irão sublinhar como as alterações climáticas não são apenas uma questão ambiental, mas também uma crise sanitária premente, que afeta diretamente milhões de pessoas em todo o mundo.
Segundo a agência, o aumento das temperaturas, a má qualidade do ar e a perturbação dos ecossistemas estão favorecendo a propagação de doenças infecciosas, respiratórias e a desnutrição.
Durante a Assembleia Geral, a OMS participará em uma série de eventos e debates centrados na preparação e resposta a pandemias. Atualmente, os Estados-membros seguem negociando um novo acordo internacional sobre o tema.