Depois de conquistar vitórias em disputas apertadas por cadeiras nos estados do Arizona, Nova York e Califórnia, o Partido Republicano irá controlar a Câmara dos Estados Unidos por uma pequena margem de votos, num resultado bem abaixo da “onda republicana” que a legenda esperava nas eleições legislativas celebradas na semana passada. Com isso, o controle do Congresso ficará dividido no ano que vem, já que os democratas mantiveram o controle do Senado, contra as previsões das pesquisas, numa importante vitória para o presidente Joe Biden.
A maioria de 218 cadeiras na Casa foi assegurada mais de uma semana depois das eleições com a vitória do republicano Mike Garcia, na Califórnia. Os democratas elegeram por enquanto 210 deputados, segundo a projeção do New York Times. Na formação atual, os democratas têm 220 cadeiras e os republicanos, 212, com três cadeiras vagas pela morte de um deputado e a renúncia de dois.
Ainda assim, a maioria na Câmara dará à oposição a capacidade de bloquear parte da agenda de Biden nos dois anos que restam do seu mandato. Prevê-se, no entanto, disputas dentro da base republicana entre os aliados do ex-presidente Donald Trump e os que se afastaram dele depois da derrota de uma série de candidatos que apoiou em disputas para o Senado e os governos estaduais.
Apesar disso, o atual líder da minoria republicana na Câmara, Kevin McCarthy, que é próximo a Trump, conseguiu em votação nesta terça manter a liderança do partido na Casa e se tornará presidente da Casa, substituindo a democrata Nancy Pelosi. Por 188 votos a 31, McCarthy derrotou facilmente um rival que está ainda mais à direita do que ele, o deputado Andy Biggs, da chamada Bancada da Liberdade.
— Os republicanos na Câmara cumpriram a promessa de demitir Nancy Pelosi e atuar como um freio à agenda desastrosa de Joe Biden — disse ao New York Times o deputado Tom Emmer, que liderou a campanha do partido nas eleições legislativas. — Vamos agora trabalhar pelo povo americano.
Apesar de rejeitados pelos eleitores democratas e independentes, os trumpistas que negam a vitória de Biden nas eleições de 2020 tiveram mais sucesso nas disputas pelas 435 cadeiras da Câmara. Nessa eleição, os deputados são eleitos por distritos, que muitas vezes são fiéis a um ou outro dos grandes partidos. Segundo cálculo do jornal The New York Times, mais de um terço dos assentos na Câmara ficará com candidatos que questionam a lisura do último pleito presidencial ou negam seu resultado.
Ciente da divisão cada vez maior entre os republicanos, o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, disse que proporá aos opositores que se descolem de Trump e trabalhem com os democratas para aprovar projetos.
— Vou procurar [Mitch] McConnel [líder republicano no Senado] e quero dizer aos republicanos não-MAGA que trabalhem conosco porque temos muito a realizar — disse Schumer ao New York Times, referindo-se aos que abraçam o slogan trumpista Make America Great Again (Façam os EUA grandes de novo).