A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) que mirou o senador Sergio Moro (União-SP) — acusado de calúnia contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, a quem teria acusado de vender habeas corpus em um vídeo que viralizou — repercutiu segundo a coluna Sonar, tanto à esquerda e à direita entre a classe política nas redes sociais. O ex-deputado Eduardo Cunha, por exemplo, condenado por Moro no âmbito da Lava-Jato, afirmou no Twitter que “já passou da hora” de o ex-juiz “pagar pelos seus crimes” e que “não dá mais para passarem a mão na cabeça de todos os seus abusos”.
Em outra postagem sobre o mesmo tema, Cunha ironizou a defesa apresentada pelo senador, que chamou de “açodamento” a decisão da PGR. “Já o MP de Curitiba denunciando quem ele combinou para denunciar vai ser chamado de quê?”, questionou o ex-parlamentar.
Já o ex-integrante da força-tarefa da Lava-Jato Deltan Dallagnol (PODE-PR), que também trocou a atuação junto aos tribunais por uma cadeira no Congresso, saiu em defesa de Moro. Para o hoje deputado federal pelo Paraná, a denúncia “é inepta (e absurda) e contraria o comportamento do próprio PGR em outros casos, denotando alinhamento com governo Lula em clara perseguição ao ex-juiz e à Lava Jato”. Procurador-geral da República, Augusto Aras foi escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, apoiado por Deltan na eleição do ano passado.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, foi às redes para relatar “um revés atrás do outro nessa segundona pro ex-juiz da Lava Jato”. A dirigente petista referiu-se também a uma determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para que o desembargador Marcelo Malucelli , do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), explique decisões recentes sobre o advogado Tacla Duran, que denunciou uma suposta tentativa de extorsão por Moro e Deltan enquanto era investigado pela Lava-Jato. O filho de Malucelli é genro e sócio do ex-juiz em um escritório de advocacia. “A gente tinha que se preparar para esse tipo de coisa”, pontuou Gleisi.
Outros políticos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — cujas condenações de Moro acabaram derrubadas no STF — também comentaram o caso. “URGENTE! Sérgio Moro é denunciado por dizer que o ministro do STF, Gilmar Mendes, vende habeas corpus. PGR pede prisão”, escreveu a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). O senador Humberto Costa (PT-PE) seguiu caminho semelhante: “Segundo a PGR, Moro cometeu o crime de calúnia contra o ministro do STF Gilmar Mendes ao afirmar, sem provas, que o magistrado vende habeas corpus”, divulgou.
Também houve, porém, quem tenha aproveitado a ocasião para atacar Lula. “PGR pediu a prisão e a perda de mandato de Sérgio Moro por causa desse video. Enquanto isso, Lula está solto e é Presidente do Brasil. Surreal!”, criticou o deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB), em postagem que compartilha a gravação que embasou a denúncia contra o ex-juiz.
Vereador por Curitiba, cidade-sede da Lava-Jato, Rodrigo Marcial (Novo) também divulgou o vídeo original com a fala do senador: “Uma piada de festa junina virando motivo para a PGR requerer a prisão do Senador Moro… Enquanto isso, bilhões desaparecem e criminosos andam livres! A corrupção do PT corrói nossas instituições”, afirmou.