A VLI Multimodal S.A, empresa que administra a Ferrovia Centro-Atlântica desde 1996, está buscando a renovação antecipada, por mais 30 anos, da outorga para operação da Ferrovia. A FCA possui mais de 1800 km de trilhos dentro da Bahia e a não inclusão do estado nos investimentos prometidos pela empresa tem gerado revolta entre empresários e setores do Governo Estadual envolvidos no assunto.
Durante audiência pública para discutir o assunto, promovida pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) nos dias 3 e 4 de fevereiro passados, o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, se posicionou contra a concessão nos moldes como está sendo proposta. Segundo ele, “A pergunta que precisa ser respondida é: o que a VLI deixou de fazer pelo desenvolvimento da Bahia e o que ela pretende fazer para compensar todos esses anos de inação. No porto de aratu, por exemplo, a VLI não só tirou os trilhos como também os dormentes do ramal ferroviário”.
Para Tramm, durante os 25 anos de concessão, a FCA/VLI não trouxe nenhum benefício para a economia baiana. Pelo contrário, ocorreu uma piora do serviço, com redução contínua da malha ferroviária, do número de localidades atendidas e do tráfego de trens.
Na Bahia, ao invés de projetos de modernização e de melhoria no atendimento dos usuários, chama a atenção a imagem de abandono e sucateamento da nossa malha ferroviária, reflexo direto da falta de manutenção por parte da concessionária Paradoxalmente, a VLI alega que não há demanda que justifique investimentos na malha baiana.
Por outro lado, empresas que dependem de logística em larga escala como as do Polo Petroquímico e as mineradoras baianas se queixam da falta de uma malha ferroviária que se adeque às suas necessidades. Segundo levantamento feito em 2018, apenas a Colomi Iron, em Sento Sé, possui demanda para 20 milhões de toneladas por ano de minério de ferro para ser transportado. A lista de potenciais usuárias da ferrovia inclui Mineração Caraíba, Atlantic Nickel, Largo Resources, dentre outras.
Os grupos interessados em ver a FCA voltar a ser uma opção real de logística para a Bahia já requereram à ANTT que adie a decisão sobre a renovação da outorga para a VLI, promova um novo estudo de demanda da ferrovia e faça uma nova consulta pública sobre este assunto, desta vez na Bahia.
Uma alternativa defendida pelos empresários e políticos baianos seria retirar o corredor Minas/Bahia do contrato com a VLI e promover uma nova licitação deste trecho. “O estado da Bahia, com toda sua dimensão espacial e socioeconômica, não pode ficar mais 30 anos sem um modal ferroviário que funcione de verdade”, conclui Tramm.