Diante de nova tensão entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) partiu em defesa do petista e se referiu à postura do rival histórico no Alagoas de “advocacia política de facínora”. Na última quinta-feira, Lira chamou o articulador político do governo Lula de “incompetente” ao afirmar que Padilha o teria acusado de interferir para soltar o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), apontado como um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
“Advocacia política de facínora, preso após provas robustas, é ainda uma afronta ao STF, que decidiu tecnicamente pela prisão.Terceirizar a incompetência não apaga o tiro no pé. Faltam 9 meses”, afirmou, fazendo referência ao fim do mandato do presidente da Câmara no cargo.
Desde a quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e aliados do ministro vêm partindo em defesa de Padilha ante as acusações de Lira, o que volta a estremecer a relação entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados. Nesta sexta-feira, o presidente elogiou o auxiliar pela atuação e provocou Lira ao dizer que, “só de teimosia”, vai deixar Padilha mais tempo no ministério — o presidente da Câmara vem articulando pela derrubada do desafeto e pela inclusão de alguém com quem tenha melhor diálogo, como o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
— Ele está no cargo que parece ser o melhor do mundo nos primeiros seis meses, mas é que nem casamento. É tudo maravilhoso nos primeiros seis meses, (quando) o casal ainda está se descobrindo. E aí chega um momento que começa a cobrar, e o Padilha está na fase da cobrança — afirmou Lula durante agenda em São Paulo. — Eu dizia que esse é o tipo de ministério em que a gente troca (o ministro) a cada seis meses. Mas, só de teimosia, o Padilha vai ficar muito tempo nesse ministério, porque não tem ninguém melhor para lidar com o Congresso Nacional que o Padilha.
Renan engrossa a fila de aliados que criticaram a fala de Lira sobre o ministro palaciano, aproveitando para alfinetar um rival de décadas em Alagoas. Os embates entre as duas famílias se arrastam há décadas por influência no estado, mas os atritos aumentaram desde o final do ano passado, na busca por atrair prefeitos em cidades estratégias durante ano eleitoral. Para a sucessão na Câmara, Lira já sinalizou que não vai apoiar o candidato do MDB ao pleito, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), aliado de Calheiros no estado.