O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), disse nesta terça-feira (4) conforme o jornal O Globo, que compartilhará dados da comissão, que está em sua reta final, com vários órgãos de investigação, como a Procuradoria-Geral da República (PGR), unidades do Ministério Público Federal (MPF) nos estados e o Tribunal de Contas da União (TCU). Ele disse também que não vai “miar” no relatório e que o presidente Jair Bolsonaro vai ser, sim, um dos indiciados, num total de mais de 30 nomes.
— Vamos mandar para o PGR apenas o que couber à PGR. Vamos destrinchar para o MPF do DF, de São Paulo, outros estados, TCU — disse Renan em entrevista antes da sessão.
Questionado se Bolsonaro pode ser indiciado pela CPI, Renan respondeu:
— Pode ser, com certeza será. Nós não vamos falar grosso na investigação e miar no relatório. Ele com certeza será sim pelo que praticou.
Sobre outros nomes que vão constar no relatório, o relator disse:
— O presidente da República, os ministros, as pessoas que tiveram participação efetiva no gabinete paralelo, no gabinete do ódio, e todos aqueles que tiveram responsabilidade no desvio de dinheiro público, na roubalheira. Essas pessoas serão responsabilizadas.
Perguntado se o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vai ser ouvido novamente, ele disse que não. O ministro já prestou depoimento duas vezes na CPI. A comissão, por outro lado, poderá mandar perguntas por escrito para ele.
— Acho que não, porque esta semana é a última de depoimentos. Os três depoentes já estão escolhidos. E vamos encerrar os depoimentos. Dia 19 vamos ter a cerimônia de encerramento.
Ele também afirmou que, uma vez que o relatório estiver pronto, o que deverá ocorrer em torno do dia 15 de outubro, vai conversar individualmente com cada integrante da CPI. A previsão é que o texto seja lido no dia 19, quando qualquer membro da comissão pode pedir vista. Com isso, a votação deverá ocorrer em 20 de outubro.
O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), também disse que mais de 30 pessoas serão indiciadas no relatório final. E que, após a aprovação do parecer, os membros do colegiado terão uma agenda “ampla” para encaminhar esses processos em diferentes esferas.
— Terminando a CPI vamos ter um trabalho tão intenso quanto a própria CPI, com uma agenda ampla porque nem todos os indiciados irão necessariamente para a Procuradoria-Geral da República (PGR) – disse Randolfe.
Ele citou que alguns dos indiciamentos que não irão para a PGR envolvem o ex-ministro Eduardo Pazuello, o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco e integrantes da empresa Precisa Medicamentos. O senador também falou sobre o presidente Jair Bolsonaro.
— Fatalmente o presidente será indiciado e creio que os tipos penais sobre o presidente serão, em quantidade e qualidade, maiores do que os tipos penais relativos a outros agentes. Nós estamos estimando pelo menos 30 pessoas que devem ser indiciadas ao final do relatório. Essa contagem era antes do caso Prevent Senior, que deve aumentar o número de indiciados — disse Randolfe após reunião na casa de Omar Aziz.