Relatoria do Orçamento é alvo de disputa entre MDB e União Brasil, diz jornal

Marcada para 1º de fevereiro, a eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados não deve trazer muitas surpresas sobre sua composição, mas o ambiente de negociações sobre a distribuição de cargos em comissões ainda deve ser segundo Marcelo Ribeiro, do Valor, palco de disputas. A relatoria do Orçamento é ainda de acordo com o jornal, o principal alvo de cobiça e está na mira de MDB e União Brasil, que prometem manter viva a briga pelo posto ao longo das próximas semanas.

Após o recesso de fim de ano, Hugo Motta (Republicanos-PB), favorito para suceder Arthur Lira (PP-AL), deve desembarcar em Brasília nesta quarta-feira para dar sequência nas conversas com aliados. O objetivo é estreitar laços e garantir uma vitória expressiva na corrida pelo principal cargo da direção da Casa.

Segundo apurou o Valor, o paraibano deve dedicar as próximas semanas a reuniões para elencar as prioridades das bancadas partidárias para o ano legislativo e ouvir quais espaços que cada uma delas quer ocupar.

Aliados de Motta pontuam que essas conversas serão preliminares e que nem todas devem ser decisivas. A partir desses encontros, ele deve começar a desenhar o quebra -cabeça dos colegiados – o mapa final, porém, só deve ser conhecido em fevereiro, nas semanas seguintes à sua provável eleição como presidente da Câmara.

Os acordos sobre os postos da direção da Casa já estão encaminhados por Motta. O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem a maior bancada da Câmara e recebeu a promessa de ficar com a primeira vice-presidência da Casa. O PT, por sua vez, deve ficar no comando da primeira-secretaria da Câmara, terceira principal cadeira da direção da Casa.

O PP, partido de Lira – principal padrinho da postulação de Motta -, deve ficar à frente da segunda vice-presidência, enquanto a segunda-secretaria pode ir para um nome do União Brasil, legenda de Elmar Nascimento (BA), que abriu mão da disputa para apoiar o paraibano.

O PSD, de Antonio Brito, que também desistiu na reta final da corrida, mira cargos importantes e tem defendido que a proporcionalidade seja respeitada na distribuição dos postos.

Logo após a eleição, Motta reunirá líderes para aparar arestas e superar disputas que ainda sobrevivam entre partidos aliados. É o caso de MDB e União Brasil, por exemplo, que pleiteiam a relatoria do Orçamento de 2026.

O União defende que Nascimento, que liderou a bancada nos últimos anos e que chegou a apresentar seu nome para a disputa interna, fique com o posto. Para que isso ocorra, haveria a disposição inclusive de abrir mão da principal comissão da Câmara, a CCJ, para o MDB.

Os emedebistas, por sua vez, querem relatar o Orçamento e alegam que Isnaldo Bulhões (MDB-AL) abriu mão da postulação ao comando da Casa muito antes de Elmar.

Paralelamente às conversas com seus pares, Motta também deve iniciar uma maratona de encontros com integrantes do Executivo para ouvir as prioridades do governo federal no Congresso Nacional. Neste primeiro semestre, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deseja, de acordo com integrantes da base governista, uma atenção especial dos congressistas à reforma do Imposto de Renda e à proposta de emenda constitucional (PEC) da segurança pública. Além disso, deve haver o pedido para que Motta contribua para a construção de um ambiente político favorável para a aprovação célere do Orçamento deste ano – que teve sua apreciação adiada no fim do ano passado.

Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que é importante aprovar a reforma do Imposto de Renda ainda em 2025, mas ponderou que é “de bom tom” esperar as novas Mesas Diretoras do Congresso serem eleitas e se organizarem antes. Ele indicou que deve se reunir com Motta ainda nesta semana e que já conversou com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com seu possível sucessor, o senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Nesta quarta-feira, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, apresentará uma nova versão da PEC, que deve acatar demandas de governadores críticos à proposição que foram ouvidos pela pasta em 2024.