O relator do Orçamento de 2024, deputado Luiz Carlos Motta (PL-SP), afirmou nesta quarta-feira (20) que o governo vai apresentar uma nova proposta para recompor o corte no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e encontrar uma outra alternativa para turbinar os recursos destinados às emendas de comissão – que podem ficar em R$ 13,7 bilhões, e não os R$ 16,6 bilhões previstos inicialmente no parecer.
Como mostrou mais cedo o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o relatório do orçamento divulgado nesta manhã previu um corte de R$ 17 bilhões no PAC. Na prática, em vez dos R$ 61,3 bilhões propostos pelo governo, o programa teria R$ 44,3 bilhões no ano que vem, uma redução de quase um terço do que foi previsto no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA).
O corte nos recursos do programa serviu para turbinar o valor das emendas de comissão, que passaram de R$ 11,3 bilhões para R$ 16,6 bilhões no ano que vem. De acordo com Motta, a tendência é de que o governo encontre uma outra alternativa para garantir o incremento na modalidade destinada aos parlamentares, conforme determinado pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O relator da LDO, Danilo Forte (União Brasil-CE), incluiu em seu parecer que o montante destinado a essas emendas de comissão seria equivalente a “ao menos” 0,9% da Receita Corrente Líquida (RCL) do ano de 2022, o que representa um piso R$ 11,3 bilhões. O valor final deve ficar em torno de R$ 13,7 bilhões, segundo Motta. A LDO antecede a votação do orçamento e foi aprovada ontem pelo Congresso.
“A questão do PAC foi a conversa que estamos tendo com o governo. Vamos corrigir hoje, governo ficou de mandar recomposição de onde vamos tirar investimento (para emendas). Logicamente não vamos tirar tudo isso do PAC”, disse Motta em coletiva à imprensa.
De acordo com integrantes do Congresso, o movimento para turbinar as emendas de comissão foi capitaneado pelos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Apesar de o governo não ser obrigado a pagar esses recursos, como ocorre no caso das emendas individuais e de bancada estadual, que são impositivas, a cúpula do Legislativo decidiu apostar nessas verbas como forma de compensar o fim do orçamento secreto, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O esquema do orçamento secreto, revelado pelo Estadão, consistia no aumento das emendas de relator, conhecidas pelo código RP9, que eram controladas pela cúpula do Congresso e distribuídas sem transparência ou critérios de política pública. Após a decisão do Supremo, metade dos recursos das RP9 foi usada para turbinar as emendas individuais. A outra parte ficou sob o controle de ministérios do governo Lula, mas esse montante agora retornará para o guarda-chuva do Congresso, por meio das emendas de comissão.
No total, os parlamentares terão direito a R$ 53 bilhões em emendas do Orçamento em 2024, um recorde. Além dos R$ 16,6 bilhões em emendas de comissão, há R$ 25 bilhões em emendas individuais impositivas e R$ 11,3 bilhões em emendas de bancada estadual.