O tenente-coronel Mauro Cid era o principal homem de confiança de Jair Bolsonaro, mas não gozava da mesma prerrogativa com Michelle. A relação entre ambos, que sempre foi ruim, chegou à pior fase. A portas fechadas, Michelle coloca em Cid a culpa da crise das joias e de grande parte do inferno astral da família com a Polícia Federal.
Os contatos diretos do então ajudante de ordens com a primeira-dama eram raros e as comunicações aconteciam, majoritariamente, por meei da equipe de Michelle, como mostram as mensagens do celular de Cid obtidas pela Polícia Federal. Além disso, o clima entre as equipes da ex-primeira-dama e de Bolsonaro era “difícil”, segundo membros do antigo governo.
Ex-ministros de Bolsonaro relataram que Michelle sempre deixou claro que não gostava de Cid e nunca se dirigia a ele. Questionados pelo motivo, três ex-integrantes do governo passado limitaram-se a dizer que ela tem um “temperamento difícil” e que “é fechada”.
Antes de ser preso, Cid também disse à coluna que interagia pouco com “dona Michelle” e admitiu que a relação era “complicada”.
O ex-ajudante de ordens afirmou que não cuidou de várias frentes da mudança do casal do Palácio da Alvorada, porque a tarefa ficou sob responsabilidade da ex-primeira-dama, que não queria sua colaboração.
A antipatia de Michelle por Cid não fez com que ela o afastasse de atividades cotidianas, como o pagamento de suas contas. Mensagens obtidas pela PF mostram que o ex-ajudante de ordens fazia e orientava a quitação de despesas da ex-primeira-dama, inclusive com dinheiro vivo.
Em entrevista às jornalistas Andréia Sadi e Natuza Nery, da Globo News, nesta sexta-feira, o advogado Cezar Bitencourt, que defende Cid, confirmou os trabalhos do ex-ajudante de ordens para Michelle.
— Cid fazia compras para a primeira-dama. Parece que tinha uma conta dela que o Cid fazia pagamentos — afirmou. — Tem um certo abuso no atendimento do assessor (Cid), que não era pra essas coisas — emendou Bitencourt.