Jair Bolsonaro se queixou a José Sarney de Davi Alcolumbre, no café da manhã em que esteve com o ex-presidente, no começo do mês.
Segundo o jornalista Guilherme Amado em sua coluna, Bolsonaro reclamou de ter dado tudo que Alcolumbre sempre quis — apoio eleitoral ao seu irmão, derrotado em Macapá, e muitas, muitas, muitas emendas — e agora se sentir abandonado pelo ex-presidente do Senado na CPI da Pandemia.
A irritação com Alcolumbre começou ainda em abril. Bolsonaro pediu que Alcolumbre se movimentasse para presidir a CPI ou para ao menos integrá-la.
Considerava que ele seria um aliado mais eficaz do que Marcos Rogério e Eduardo Girão, por exemplo.
Só que o senador cruzou os braços, porque também tem seus queixumes contra Bolsonaro.
Alcolumbre não perdoa Bolsonaro por ter perdido o poder de influência sobre a destinação das emendas.
Hoje, esse poder pertence bem mais a Rodrigo Pacheco, do DEM de Minas Gerais, aos líderes do governo no Senado, e ao relator do Orçamento de 2021, senador Márcio Bittar, do MDB do Acre, que controla as chamadas emendas de relator.
Essas emendas sempre existiram e são definidas na hora de fechar o Orçamento, quando muitas vezes é necessária uma correção técnica da destinação de recursos para áreas que precisam ser melhor contempladas.
O governo Bolsonaro usou a subjetividade por trás desse tipo de emenda para comprar apoio de políticos do centrão, dando muito dinheiro para os aliados. E Alcolumbre era uma peça-chave nessa engrenagem.
O curioso na relação
Já as emendas do relator (também conhecidas no jargão burocrático pelo código RP9) são feitas pelo deputado ou senador que, num determinado ano, foi escolhido para produzir o parecer final sobre o Orçamento.
Só que a irritação de Bolsonaro só tem feito aumentar. Ele considera que Alcolumbre poderia, mesmo fora da CPI, ajudar o governo.
Mas o ex-presidente do Senado quer distância do fogo de Brasília. Mergulhou no Amapá e só quer saber segundo o colunista de CPI se for pela televisão.