A Homeland Security Investigations (HSI), agência do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos voltada para crimes transnacionais, já comunicou a autoridades brasileiras que vai abrir uma investigação sobre movimentações financeiras e possível crime de lavagem de dinheiro nos EUA pelo empresário José Marcos de Moura, conhecido na Bahia como o ‘Rei do Lixo’.
A divisão, que também apura crimes de ordem financeira, identificou que Moura, investigado pela Polícia Federal (PF) em um esquema de desvio de dinheiro de emendas parlamentares e fraudes em contratos públicos, realizou diversas remessas milionárias a contas nos Estados Unidos – algumas delas abertas em cassinos locais.
Investigadores ligados ao caso estimam que o total enviado para o país de Donald Trump chegue a US$ 10 milhões (ou R$ 58,2 milhões na cotação atual). Além dos documentos rastreados pelos agentes americanos, a Polícia Federal também já encontrou mensagens nos celulares apreendidos durante a Operação Overclean que comprovam as tratativas de Moura com instituições nos EUA.
O material traz também evidências de remessas do Rei do Lixo para cassinos de Punta del Este, no Uruguai, e conversas com funcionários sobre compras de relógios Rolex no país.
Como publicou o blog da Malu Gaspar no mês passado, a PF apreendeu sete Rolex e outras 91 joias de grifes italianas, suíças, britânicas, francesas, alemãs, americanas e brasileiras – algumas delas usadas pelo próprio empresário no momento da prisão – na casa do empresário em dezembro passado. Os policiais também confiscaram R$ 717 mil em dinheiro guardados na sua residência em Salvador e na sede de uma de suas empresas, a MM Limpeza Urbana, em maços de reais, dólares e euros.
A predileção de Moura por cassinos é conhecida pelos aliados do empresário e está no radar dos investigadores, que esperam as informações dos Estados Unidos para aprofundar a apuração em torno do destino dos recursos desviados pelo esquema.
Segundo a investigação policial, o grupo, liderado por Moura e o também empresário Alex Rezende Parente, desviou R$ 1,4 bilhão em verbas de emendas parlamentares destinadas ao Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) a partir de contratos fraudulentos com prefeituras.
Além dele e de Parente, são investigadas outras 15 pessoas que integrariam a quadrilha criminosa. O inquérito está sendo supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Kassio Nunes Marques.
O caso chegou ao STF depois que o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) foi citado durante a apuração. Elmar é primo de outro investigado, o vereador de Campo Formoso, na Bahia, Francisco Nascimento, que foi flagrado pela PF jogando R$ 200 mil pela janela de seu apartamento em Salvador minutos antes de ser preso em dezembro.
Todos os alvos da investigação chegaram a ser presos, mas foram soltos ainda em dezembro por determinação da desembargadora Daniele Maranhão, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) – que mira uma vaga no Superior Tribunal de Justiça (STJ), como publicou o blog da Malu Gaspar.